7 de mai. de 2017

ESCARNNIA - HUMANITY ISOLATED (ÁLBUM)



2017
Nacional

Nota: 9,1/10,0


Tracklist:

1. Total Death 
2. Condemned to Kill 
3. Eternal Hatred 
4. Rotten Spirit 
5. Humanity Isolated 
6. A Moment of Compassion 
7. The Evil Spell 
8. Suicidal Beliefs 
9. Suffering and Desolated 
10. Back in Time


Banda:


Ismael Santana - Vocais, guitarras
Valber Sousa - Guitarras
Natanael dos Santos - Baixo
Samuel dos Santos - Bateria


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Bandcamp:
Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Bandas e mais bandas andam surgindo e lançando discos em paragens que, anteriormente (ou seja, na época em que as mídias sociais inexistiam), pensava-se não existir esta possibilidade. Digamos que, além de se formar uma banda, é necessário ter acesso a instrumentos musicais de razoável qualidade e bons estúdios com técnicos qualificados. E isso tem se tornado uma realidade a cada dia. 

Logo, ver uma banda como o ESCARNNIA, vinda de Palmas (TO) não chega a ser algo que chegue a ser surpreendente. Mas o que realmente nos deixa surpresos é a qualidade das músicas do quarteto, que podemos ouvir em “Humanity Isolated”, primeiro disco da banda.

Com apenas 5 anos de formação e sem nenhum tipo de lançamento anterior, a banda arregaçou as mangas e botou a cara a tapa. O estilo é o bom e velho Death Metal tradicional à lá anos 90, com a diferença de que a banda não se furta a ser criativa ou de usar linhas melódicas bem definidas. A técnica instrumental é muito boa, assim como mostram composições inspiradas e cheias de energia. A personalidade do grupo ainda necessita de maior polimento, óbvio, mas estão no caminho certo.

A qualidade sonora de “Humanity Isolated” está um pouco crua demais para o tipo de trabalho que a banda faz. Está longe de ser ruim, sejamos francos, mas poderiam ter tido uma sonoridade um pouco mais bem acabada. Mas mesmo assim, se ouve perfeitamente os instrumentos do grupo, se compreende o que os vocais cantam, logo, está em um nível muito satisfatório. 

O ESCARNNIA possui muito a dar ao cenário nacional, uma vez que se percebe a empolgação do Thrash Metal, bem como a melodia do Metal tradicional dando as caras vez por outra em suas músicas. É clara a influência que nomes tradicionais tiveram no trabalho musical deles, mas os 5 anos de experiência e lutas foram mais que suficientes para que eles mostrasse personalidade. Sim, a banda mostra arranjos muito bons durante todo o disco, sem medo de ousar.

As dez canções são todas muito boas, e destacamos por mera referência para o leitor a pegada brutal e variada de “Total Death” (bastante técnica, boas mudanças de andamento e um trabalho muito bom de baixo e bateria) e de “Condemned to Kill” (onde a energia e empolgação do Thrash Metal se fundem a pegada opressiva do Death Metal, e onde as guitarras mostram como são versáteis e sabem usar boas melodias vez por outra), a azeda e bem trabalhada “Eternal Hatred” (o ritmo mais lento lhes permite mostrar uma diversidade rítmica ótima), a pegada Thrasher empolgante de “Rotten Spirit” com suas mudanças rítmicas de primeira, o amargor da cadenciada “Humanity Isolated” (mais uma vez, baixo e bateria mostram arranjos não muito comuns ao gênero, além dos vocais estarem muito bem), a rifferama forte e melodiosa de “The Evil Spell”, e a ganchuda e essencial “Back in Time”. Mas o CD inteiro mantém um nível de composição que mostra que esses sujeitos podem se equiparar os grandes nomes do estilo no Brasil em pouco tempo.

No mais, “Humanity Isolated” é uma mostra de como bandas do Centro-Oeste do Brasil são boas e podem vir a contribuir para o cenário.

Parabéns, ESCARNNIA!


SALÁRIO MÍNIMO – BEIJO FATAL (ÁLBUM)



1987
RCA
Nacional


Tracklist:

1. Dama da Noite
2. Beijo Fatal
3. Jogos de Guerra
4. Rosa de Hiroshima
5. Noite de Rock
6. Anjos da Escuridão
7. Doce Vingança
8. Sob o Signo de Vênus
9. Cabeça Metal (Bonus Track)
10. Delírio Estelar (Bonus Track)


Banda:


China Lee - Vocais
Junior Muzilli - Guitarras, backing vocals
Arthur Crom - Guitarras
Thomaz Waldy - Baixo
Nardis Lemme - Bateria


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Bandcamp:
Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Assumir que o Brasil é um país somente com uma vocação em termos de Metal, especialmente no que tange o Metal extremo, é uma das maiores falácias de todos os tempos. Tudo bem que existe a prevalência de bandas extremas hoje em dia. Mas lá atrás, antes mesmo de DORSAL ATLÂNTICA, VULCANO ou outros ganharem renome, a cena nacional tinha uma predominância mais voltada ao Hard’n’Heavy e ao Metal tradicional. Que o digam os discos mais seminais da época, como a pioneira coletânea “SP Metal I”, que trouxe um dos nomes mais interessantes daquela época: o então quarteto SALÁRIO MÍNIMO. E este, em 1987, viria com seu primeiro disco, o ótimo “Beijo Fatal”.

Já como quinteto, o grupo nos trás em “Beijo Fatal” um “blend” muito bem feito de Metal tradicional nos moldes de JUDAS PRIEST e nomes da NWOBHM com muita influência de bandas do Hard Rock como VAN HALEN, e muita personalidade. O estilo da banda é melodioso, a música flui envolvente, pesada e de muito bom gosto, sem falar que o grupo soa homogêneo, ou seja, todos contribuem para que “Beijo Fatal” soe muito bem aos ouvidos. E é justamente isso que faz do disco uma das pedras angulares do Metal nacional.

A produção de “Beijo Fatal”, para os dias de hoje, pode soar oca e mesmo datada. Mas o que se espera de um disco que completa 30 anos de lançamento em 2017, que foi gravado em parcos 16 canais? 

O bom e velho Luiz Calanca fez uma mixagem muito boa para a época, e os instrumentos soam bem definidos. E a capa evoca toda a força, bom gosto e sensualidade da música do grupo.

Há certo toque de virtuosismo no trabalho do grupo, pois a técnica é esmerada (mas não exagerada). Mas isso porque a formação do SALÁRIO MÍNIMO era toda de músicos excelentes e bem calejados, e se percebe isso especialmente nos duetos de guitarra, na técnica do baixo e na pegada de aço da bateria. Os vocais não necessitam de muita profundidade, pois o velho China Lee era um dos grandes vocalistas do Metal brazuca em seu tempo (e isso em uma época em que era difícil achar vocalistas de alto nível por aqui).

Falar das músicas de “Beijo Fatal” chega a ser um pouco pecaminoso, uma vez que a Hard’n’Heavy e provocante “Dama da Noite” (os vocais estão ótimos), a técnica de baixo e bateria mostrada na pesada e ganchuda “Beijo Fatal” (e que refrão!), a pegada pesada à lá NWOBHM de “Jogos de Guerra”, a versão pesada e atualizada de “Rosa de Hiroshima” do SECOS E MOLHADOS, o peso e melodia sedutores de “Noite de Rock”, a icônica “Anjos da Escuridão” e seu jeito Hard’n’Heavy de ser, além das melodias de fácil assimilação e peso envolvente de “Doce Vingança” e a linda balada “Sob o Signo de Vênus” (uma aula de interpretação nos vocais) já falam por si. E, além disso, a versão em CD tem como bônus as faixas “Cabeça Metal” e “Delírio Estelar”, as duas canções que originalmente fizeram parte da coletânea “SP Metal I”, e que ajudou a dar visibilidade nacional ao grupo.

Uma banda lendária, que merece muito respeito de todos. E “Beijo Fatal” ainda é capaz de dar arrepios nos fãs de Metal cuja cabeça está mais voltada à música do que em ideologias que mais nos separam do que nos permitem sermos nós mesmos: headbangers!

No mais, ouçam e vejam como a história do nosso cenário é linda e cheia de discos fabulosos.

FRANTIC AMBER - BURNING INSIGHT (ÁLBUM)


2015
Independente
Importado

Nota: 9,4/10,0


Tracklist:

1. Intro
2. Burning Insight
3. Bleeding Sanity
4. Soar
5. Drained
6. Awakening
7. Entwined
8. Wrath of Judgement
9. Unbreakable
10. Destruction
11. Ghost


Banda:


Elizabeth Andrews - Vocais
Mio Jäger - Guitarra solo
Mary Säfstrand - Guitarras
Sandra Stensen - Baixo
Erik Röjås - Bateria


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Desde muito tempo, as mulheres começaram a aparecer como “frontwomen”, em bandas mistas ou mesmo exclusivamente femininas. Isso é um ótimo sinal, pois o gênero não define se você terá sucesso ou não dentro musical. E ao mesmo tempo, nos permite observar que o preconceito no cenário mundial está diminuindo. 

E dessa forma, bandas ótimas como o FRANTIC AMBER aparecem. Esse quinteto vindo da Suécia (mais especificamente da capital, Estocolmo) tem muito que dar ao Metal, como o primeiro álbum do quinteto, chamado “Burning Insight”, mostra com clareza.

Em termos musicais, o grupo foca suas energias em criar uma forma de Death Metal melódico que não extremamente técnico como o CHILDREN OF BODOM, nem tão eclético como o SOILWORK, ou melodioso como o ARCH ENEMY. Na realidade, o grupo se encontra em um meio termo entre esses nomes, mas sem deixar de ter sua própria personalidade. Vocais urrados com vários timbres interessantes, um ótimo trabalho da dupla de guitarras tanto nos riffs ganchudos quanto nos solos melodiosos, um trabalho técnico e pesado em termos de base rítmica (baixo e bateria estão em grande forma), e algumas intervenções de teclados aqui e ali bem pontuais. E tudo isso de uma forma bem pessoal, bem diferente de seus pares.

Traduzindo: “Burning Insight” é um disco excelente, de primeira linha!

Em termos de qualidade sonora, o disco realmente foi muito bem cuidado. Sem deixar de soar pesado e agressivo até os dentes doerem, existe uma enorme preocupação com a estética e nível de clareza, permitindo que “Burning Insight” soe muito bem aos ouvidos, e que nada da musicalidade da banda seja perdido.

Buscando seu próprio espaço, o FRANTIC AMBER soube arranjar suas canções, buscando usar a experiência que foram ganhando com seu EP e Singles para criar algo diferente e intenso, agressivo e bem feito, com músicas bem arranjadas e mostrando potencial. Pode-se apostar que um dos grandes nomes entre as bandas do gênero em um futuro próximo é o do quinteto.

E atestando esta afirmativa, temos canções como a envolvente “Burning Insight” (uma canção um pouco mais reta e agressiva no início, mas que recebe ótimas de melodias durante o refrão, e onde se percebe um ótimo trabalho vocal), a raçuda e bem trabalhada (e já um pouco mais melodiosa) “Bleeding Sanity” (reparem como a dinâmica entre as duas guitarras e seus arranjos é algo maravilhoso), a mais melancólica e técnica “Soar” (como essas guitarras não saem de nossos ouvidos, belíssimas linhas melódicas e isso sem mencionar algumas partes muito boas de teclados), a porrada mais moderna de “Drained”, a envolvente e melodiosa “Awakening”, o murro nos tímpanos chamado “Destruction”, e a fantástica “Ghost” (recheada de riffs insanos, vocais absurdamente urrados e com muitas mudanças de timbre, além de baixo e bateria estarem perfeitos em seu trabalho rítmico opressivo).

O quinteto é excelente, e se “Burning Insight” é o primeiro álbum, com a evolução certa, o segundo vai ser um murro na cara de muito machão que faz som de araque. E tenho dito!