11 de abr. de 2017

BODY COUNT - Bloodlust (álbum)



2017
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Tracklist:

1. Civil War 
2. The Ski Mask Way
3. This is Why We Ride
4. All Love is Lost
5. Raining in Blood / Postmortem 2017
6. God, Please Believe Me
7. Walk With Me... 
8. Here I Go Again
9. No Lives Matter
10. Bloodlust
11. Black Hoodie


Banda:


Ice-T - Vocais
Ernie C - Guitarra solo, backing vocals
Juan of the Dead - Guitarra base, backing vocals
Sean E. Sean - Sampler, backing vocals
Little Ice - Backing vocals
Vincent Price - Baixo, backing vocals, vocais em “Postmortem”
Ill Will - Bateria


Contatos:

Youtube: 
Bandcamp:
Assessoria:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Muitos fãs ainda possuem ressalvas enormes com estilos que não pertencem à “old school” anos 80. Infelizmente, muitos deles desconhecem que alguns estilos que eles concebem como “modernos” ou “anos 90” são bem mais velho que a cultura deles permite perceber. Um deles é justamente a fusão do Metal com elementos de Hip Hop e Rap americanos. Estas misturas são oriundas da segunda metade dos anos 80, celebrizadas por nomes como FAITH NO MORE e a primeira fase do RED HOT CHILLI PEPPERS, e mesmo bandas de Thrash Metal como MORDRED tinham clara referência aos gêneros. Mas talvez, o nome mais forte desse gênero seja o do BODY COUNT, sexteto especializado em misturar Metal, Hip Hop e Hardcore, e criar uma música causticante e pesada. E não esperem de “Bloodlust”, novo disco do grupo, menos que música avassaladora!

Sendo o sexto disco do grupo, podemos aferir que a mistura musical que Ice-T (líder do grupo e conhecido cantor de Rap de Los Angeles) e sua gangue se propõem a fazer está madura, no ponto de tão bem equilibrada. Tudo está em seus lugares certos. E permitam a este autor dizer algo: quem tem preconceitos não sabe o que está perdendo, pois musicalmente falando, “Bloodlust” é um murro nos ouvidos, esbarrando no Thrash Metal e no Crossover muitas vezes. E como soa bem aos ouvidos!

Assim como foi em “Manslaughter” (de 2014), o grupo colocou a responsabilidade da produção de “Bloodlust” nas mãos de Will Putney. E o cara acertou a mão, pois todos os elementos do trabalho do sexteto estão muito bem equilibrados, ótimos tons instrumentais, muito peso e uma agressividade engajada contra o sistema americano e suas desigualdades. 

A capa já é simples, feita em preto, cinza e vermelho, mandando a mensagem clara aos fãs: aqui, nesse disco, o foco das atenções é todo no lado musical.

E como!

Guitarras absurdamente pesadas com riffs azedos e solos bem colocados, baixo e bateria esbanjando peso e energia com boa técnica, samples temperando tudo de forma ótima, e a voz rapper de Ice-T transforma tudo em uma massa sonora densa, agressiva e brutal, mas de bom gosto, sem mencionar algum alinhavo melódico que torna o disco uma obra prima!

E nem falamos dos convidados especiais: Dave Mustaine nas palavras declamadas de “Civil War”, Max Cavalera nos vocais em “All Love is Lost”, e Randy Blythe (do LAMB OF GOD) nos vocais em “Walk With Me...”, e ainda temos narrativas entre uma faixa e outra, como um gigantesco telejornal nos falando das violências causadas pelas desigualdades de direitos que ocorrem em muitos pontos dos EUA e mesmo do mundo. Nisso, Ice-T não abre mão de um discurso ácido, azedo e realista, cheio de palavrões e politicamente incorreto.

Musicalmente, “Bloodlust” é um forte candidato a se tornar um clássico do gênero, graças ao conjunto de canções de primeira do disco.

É impossível não ser seduzido pelo azedume abrasivo de “Civil War”, os fortes elementos de Rap e Hip Hop de cadenciada “The Ski Mask Way”, a melancólica e intensa “This is Why We Ride”, o excelente trabalho de guitarras em “All Love is Lost” (um murro nos ouvidos dos mais desatentos), o belo “medley” de covers em “Raining in Blood / Postmortem 2017”, ambas do clássico “Reign in Blood”, do SLAYER, que ganharam uma roupagem moderna e muito bruta, precedida por um depoimento de Ice-T sobre seu gosto por bandas como BLACK SABBATH, SUICIDAL TENDENCIES e SLAYER (e vocais do baixista Vicent Price); a típica canção de Hip Hop triste, adornada com guitarras, em “God, Please Believe Me”; o porradeiro insano e rápido de “Walk With Me...” (o contraste de vocais é ótimo, sem contar que baixo e bateria estão ótimos no controle dos tempos do grupo); a sinistra “Here I Go Again”, a icônica e engajada “No Lives Matter” (música do primeiro vídeo de divulgação, onde o depoimento de quem viveu em guetos explica como existe a diferenciação entre etnias nos EUA, e melhor darem uma olhadinha na letra antes de acusarem o homem de mimimi), mais uma vez com mudanças rítmicas estilo breakdown, mas uma mostrando a força dos vocais e das guitarras; e a dobradinha “Bloodlust” e “Black Hoodie” fecham o disco de forma arrasadora, com muito peso e energia, capazes de provocar pogo e stagedive sem esforços.

Antes das linhas finais, aos metidos à “old school” chatos que vivem denegrindo o trabalho da banda, uma coisinha: seu radicalismo é tão bobo mal sabem que Juan from the Dead é ninguém menos que Juan Garcia (do AGENT STEEL e do EVILDEAD), e Vincent Price é Vincent Denis, baixista do STEEL PROPHET, além de tocar também no OBSCENE GESTURE, AGENT STEEL e TOURNIQUET. Pronto, agora podem chorar à vontade e distribuir suas coleções de discos dessas bandas de graça (aceito doações).

No mais, o BODY COUNT veio arrasador, e nos deu em “Bloodlust” um dos melhores discos do ano. 

Obrigado!



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