14 de jan. de 2017

ORPHANED LAND & AMASEFFER – Kna’an (Álbum)


2016
Importado


Tracklist:

1. The Holy Land of Kna’an
2. The Angel of the Lord
3. Naked - Sarah and Abraham
4. The Burning Garden - Sarah and Hagar
5. Naked - Abraham 
6. A Tree Without No Fruit - Sarah
7. There is no God for Ishma’el
8. The Vision
9. A Dove Without Her Wings - Hagar
10. The Loneliness of Itzhak
11. Akeda
12. Fruits from Different Trees - Ishma’el and Itzhak 
13. Prisoners of the Past


Banda:


Kobi Farhi - Vocais
Chen Balbus - Guitarras
Idan Amsalem - Guitarras, backing vocals
Uri Zelcha - Baixo
Matan Shmuely - Bateria
Erez Yohanan - Bateria, percussão


Contatos:

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Nota:

Originalidade: 10
Composição: 10
Produção: 9

10/10

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Para aqueles que não compreendem de onde vem a irmandade entre os povos árabes e o povo de Israel, tão citada em documento e mesmo em manifestos, ela data de algo em torno de 1800-1600 a.C., na figura do primeiro Patriarca, que pode ser chamado Abraão (אַבְרָהָם‎‎) conforme a tradição hebraica, ou Ibrahim (إبراهيم‎) na tradição árabe. A ele foi prometido por Yaweh (יהוה) ou Allah (الله) uma posteridade, que conforme as palavras contidas no livro do Gênesis, “Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz... Pois bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência”. Por isso, Abraão é tido não só como o primeiro dos líderes religiosos das religiões abraâmicas (Judaísmo, Islamismo e Cristianismo), mas como pai das nações árabes e israelitas. Por meio da escrava Hagar (הָגָר ou هاجر), teve o filho Ishma’el (יִשְׁמָעֵאל ou إِسْمَاعِيْل), que é o pai de todos os povos árabes. Com Sara (שָׂרָה, ou سارا ou سارة Sāra;), sua esposa (ela e ele já em idades muito avançadas) teve Itzhak (יִצְחָק, ou إسحاق‎‎ ou إسحٰق), que foi pai de todos os povos israelitas. E a Abraão, foi prometida pela eternidade a posse da terra de Canaã, hoje tão manchada pelo sangue inocente em conflitos étnicos. Por isso, a colaboração entre o ORPHANED LAND e o AMASAFFER se foca nessa origem em “Kna’an”, um disco que somente agora podemos analisar.

Aos mais afoitos, é preciso um alerta: óbvio que há elementos que vão lembrar bastante algumas coisas que tanto o ORPHANED LAND como o AMASAFFER já fizeram, pois ambos os grupos têm estilos musicais não muito distantes, mas o que se ouve em “Kna’na” é algo mais experimental e progressivo, com uma pegada não tão pesada, mas um pouco mais étnica. Mas mesmo assim, não dá para deixar de perceber que o disco é fenomenal, cheio de arranjos musicais minimalistas, mas a atmosfera do disco como um todo é mais calma e branda, mais introspectiva e reflexiva. Mesmo porque o disco é conceitual, voltado para contar a história central de Abraão, Sara, Hagar e seus filhos, buscando mostrar como ambos os povos são irmãos e que, no fundo, poderiam conviver em harmonia e paz.

A produção de “Kna’an” é pesada e densa, mas clara a ponto de conseguirmos compreender cada arranjo musical do álbum. E no meio de tamanha complexidade de elemento e nuances, não deve ter sido muito simples chegar a esse resultado. A arte da capa é icônica: uma tapeçaria daquela região com a escrita “כְּנָעַן” ou “كنعان”, cuja tradução é mesmo “Kna’an”, ou Canaã. 

“Kna’an” foi encomendado pelo diretor de teatro Walter Wayers, que cuida da direção no teatro de Meminngen, na Alemanha. A intenção era recontar a história de Abraão com uma perspectiva mais atual, focando no conflito entre Ishma’el e Itzhak, e assim, figurar os conflitos entre ambos os povos. Isso explica os temas mais curtos, com muitas participações especiais nos vocais, pois temos Josephine Bönsch, Julian Ricker, Michaela Fent, Christian Müller, Jan-Arne Looss nos vocais adicionais.

A maior parte dos temas de “Kna’an” são realmente curtos e climáticos, em geral apenas com vozes, violões e efeitos de fundo. Por isso, “The Angel of the Lord” com suas lindas vocalizações e tempos quebrados, a densa e apocalíptica “The Burning Garden - Sarah and Hagar” (cheia de belíssimos vocais femininos), as cordas bem trabalhadas de “Naked - Abraham” (cheia de elementos Folk orientais), o peso intenso e com andamentos sinuosos de “The is no God for Ishma’el”, a linda e introspectiva “A Dove Without Her Wings - Hagar”, a introspecção forte e cheia de beleza de “Akeda” (palavra que vem do hebraico עֲקֵידַת יִצְחַק‎‎ e denota o sacrifício de Itzhak), o peso trabalhado de “Fruits from Different Trees - Ishma’el and Itzhak”, e o lindo encerramento em “Prisioners of the Past” são momentos de profunda reflexão para todos, além de mostrarem o valor musical/cultural/social/histórico de “Kna’an”.

Para muitos, “Kna’an” se mostrará um disco desafiante, e mesmo assim, é um álbum memorável. E serve como aperitivo para aguardarmos os novos de ambas as bandas!

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