13 de nov. de 2016

OLDER JACK - Metal Über Alles (Álbum)


2016
Independente
Nacional


Tracklist:

1. Öl und Blut
2. Metal Über Alles
3. Fosa
4. In Namen das Geldes
5. Luft
6. Macumba
7. Wahnsinn
8. Das Ende


Banda:


Carlos Klitzke - Vocais
Deivid Wachholz - Guitarras
Hermann - Guitarras
Cesar Rahn - Baixo
Bruno Mass - Bateria

Contatos:

Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)


Nota:

Originalidade: 8
Composição: 9 
Produção: 7

8/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Sinceramente, tem dias que a necessidade de inovar transcende tudo aquilo em que poderíamos pensar, especialmente dentro do Metal.

E já que inovar na música está sendo um processo um pouco mais difícil de ser encontrado, o OLDER JACK, de Pomerode (SC) chega lançando uma idéia interessante em seu primeiro disco, “Metal Über Alles”: letras cantadas em alemão.

Isso mesmo, letras em alemão!

Musicalmente, o quinteto está bem próximo de uma versão metalizada do MOTORHEAD em alguns momentos, ou seja, a fusão do Metal com Punk Rock e Hardcore, soando agressivo e bruto, mas com boas linhas melodiosas surgindo vez por outra. E sim, o quinteto mostra que tem bastante personalidade em sua música.

A produção ficou boa, escolhendo bem os timbres de cada instrumento, e permitindo que o quarteto soa pesado, cru e agressivo como a música da banda pede, mas sem obliterar a clara noção de limpeza, aquela que nos permite entender o que a banda está tocando e o que deseja de sua música. Sim, eles acertaram a mão, pois embora não seja a melhor gravação do universo, estão em um nível muito bom de qualidade nesse ponto.

A capa, por sua vez, é bem simples, assim como toda a parte da arte gráfica. Mas tudo está bem feito nessa simplicidade que é proposital, visando que todas as atenções fiquem exclusivamente no trabalho musical.

O OLDER JACK foca bastante nas composições, e embora evitem complexidades técnicas na execução das músicas, eles sabem arranjar bem cada uma de suas composições, fugindo bastante do comum. E eles já mostram que serão uma banda bem grande em alguns anos.

Melhores momentos:

Após uma introdução com sons de guerra, “Öl und Blut” esbanja energia nesse andamento mais cadenciado, mais cheio de energia e peso (e apresentando guitarras ótimas nos riffs, e os vocais que nos surpreende de cara, logo se mostram ótimos nesse timbre agudo e irônico). A cadência azeda e agressiva de “Metal Über Alles” é fascinante, mostrando uma dose de peso extra, com seu andamento cru e mais cadenciado, fora ótimos corais no refrão. “Fosa” cadencia ainda mais o ritmo, mostrando a força do trabalho mais simples de baixo e bateria, que guiam muito bem a canção e ficam evidenciados em muitos momentos. Em “Macumba”, alguns arranjos à lá LED ZEPPELIN dão a partida, mas logo o azedume reina, onde vemos uma estrutura sonora com muito da energia do Punk e Hardcore. E “Wahnsinn” é mais rápida, com certos toques de Rock’n’Roll, mas o ritmo muda algumas vezes (com alguns momentos bem soturnos dando as caras), deixando a faixa mais variada, com ótimas guitarras (especialmente nos solos).

Podemos dizer que o OLDER JACK veio para ficar, e “Metal Über Alles” (que significa “Metal Acima de Tudo”) é um ótimo disco.

HERYN DAE – Heryn Dae (Álbum)


2016
Nacional


Tracklist:

1. March to Die
2. Final Fantasy
3. Heryn Dae
4. Death
5. Shadow’s Prologue
6. Lucy
7. Kings of the Anarchy
8. Evil Fortress


Banda:


Victor Moura - Vocais
Juliano Bianchi - Guitarras
Ricardo Bach - Baixo
Cristiano Batera - Bateria


Contatos:

http://roadie-metal.com/press/heryn-dae/ (Assessoria de Imprensa)


Nota:

Originalidade: 8
Composição: 9 
Produção: 7

8/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Santa Catarina sempre teve ótimas bandas de Metal em sua história. Óbvio que nem todas conseguiram se sobressair devido ás dificuldades enormes do underground nacional. Fazer Metal é coisa para gente de fibra e coragem, como o quarteto HERYN DAE, que após anos de labuta, consegue lançar seu primeiro disco, “Heryn Dae”.

O nome da banda significa “Dama das Sombras”, vinda de uma linguagem élfica criada por J. R. R. Tolkien para seu mundo da Terra Média (provavelmente, vem do Sindarin, linguagem élfica mais usada na Terceira Era da Magia). Mas o enfoque lírico da banda não é exclusivamente focado em temas de fantasia, e a música da banda pouco tem com o Power Metal (onde mais se vê letras de cunho tolkeniano), pois se foca em um Heavy Metal tradicional que busca influências nas vertentes mais melodiosas do Metal e mesmo no Thrash Metal. A fórmula não chega a ser inédita, mas o quarteto consegue mostrar força e personalidade, com arranjos melodiosos e boas doses de peso e agressividade. E sim, é muito bom o trabalho deles.

Produzido por Kelwin Groehowicz no estúdio 2K (em São Francisco do Sul, terra natal do grupo), a sonoridade do disco ainda está um pouco mais crua que o necessário. Poderia ser um pouco mais limpo, mas sabem os mais experientes como é difícil gravar discos independentes nesse país, ainda mais com a atual crise econômica. Não está ruim, bem longe disso, mas poderia ser melhor.

No que tange à arte gráfica, ela ficou caprichada, com capa e encarte muito bem feitos, deixando o lado místico/tolkeniano bem evidente. E está muito boa.

Musicalmente, a banda é bem madura, mostrando o que pode fazer no disco, com bons arranjos, boa dose de melodias, e tudo nos conformes. Mas eles podem fazer melhor que isso, mas aqui, já está muito, muito bom.

Melhores momentos:

Misturando melodias bem sacadas e peso, com um andamento bem variado, temos “Final Fantasy” (reparem nos belos arranjos de vocais nas partes mais amenas, e nos riffs raçudos nas mais pesadas). Em “Heryn Dae”, o peso é destilado por um trabalho muito bem feito de baixo e bateria, fora belas arranjos limpos de guitarras (pois o andamento é em tempo mediano, mas cheio de boas mudanças). “Shadow’s Prologue” mostra vocais mais fortes, o andamento ainda mais cadenciado (onde os vocais roubam a cena, usando timbres mais robustos e agressivos). Em “Kings of the Anarchy”, novamente o lado mais agressivo da música do quarteto está evidenciado, graças à guitarras com riffs sujos. E a variada e longa “Evil Fortress” alterna momentos mais limpos, outros mais ríspidos, sem com a banda como um todo se equilibrando.

Basta azeitar a máquina um pouquinho mais, uma qualidade sonora mais bem feita, e o grupo vai longe. Mas sugeriria um segundo guitarrista, para que eles não perdessem a força de sua música ao vivo.

REVANGER - Gladiator (EP)



2016
Independente
Nacional


Tracklist:

1. Enter Hades
2. Crazy Words
3. Hells Angels
4. The Evil Song
5. Gladiator
6. Chuva de Balas


Banda:


Patrick Raniery - Vocais
Diego Miranda - Guitarras
Diego Sampaio - Guitarras
Rodrigo Fontes - Baixo
Elison Duarte - Bateria


Contatos:

http://roadie-metal.com/press/revanger/ (Assessoria de Imprensa)


Nota:

Originalidade: 7
Composição: 9 
Produção: 6

7/10

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Nordeste do Brasil sempre rendeu e ainda rende bandas bem relevantes para o cenário brasileiro, e é interessante ver bandas fazendo estilos um pouco mais velhos em termos de Heavy Metal. Esta é uma característica forte da região, e bandas como o REVANGER, de Mossoró (RN) nos chega por meio de seu EP de estréia, “Gladiator”.

Focados em um estilo mais de raiz em termos de Heavy Metal tradicional, eles tem uma ótima pegada, boa energia e apresentam linhas melodiosas interessantes. E a banda foca suas energias em criar músicas interessantes, cada uma com a devida personalidade. Digamos que é algo que funde influências de bandas como MANOWAR, ACCEPT e alguns toques de bandas como SATAN, BLITZKRIEG e outros nomes não tão grandes da NWOBHM. Mas óbvio que o grupo mostra personalidade própria.

O único “porém” do EP é a produção sonora.

Sim, ela é boa, nos permite entender o que a banda está fazendo musicalmente, mas está soando crua demais para uma banda desse estilo. Além do mais, os timbres instrumentais poderiam ser melhores. No restante, ela está boa.

Em termos de arte, a banda caprichou, pois capa, encarte e tudo mais estão de alto nível, deixando clara a proposta sonora do grupo.

Óbvio que o REVANGER tem potencial para fazer melhor, pois ainda há o que pode ser melhorado e polido na banda, sem que sua proposta e personalidade musical sejam alteradas. Mas seus arranjos são muito bons, ótimo trabalho em cada refrão do disco, e se percebe a honestidade da banda.

“Enter Hades” é uma instrumental pesada, e que dá início ao EP, seguida pela fogosa e cheia de energia “Crazy Words” (que possui um alinhavo melodioso que gruda em nossos ouvidos, for a o bom trabalho das guitarras, mas é bom o baterista tomar cuidado, pois os bumbos em certos momentos parecem fora do tempo), e a pesada “Hells Angels” (esta tem uns toques mais acessíveis daquele Hard’n’Heavy praticado em meados dos anos 80, com destaque para o bom trabalho dos vocais). Começando amena, “The Evil Song” logo se mostra uma canção que funde peso e melodias com maestria, apresentando um trabalho muito bom de baixo e bateria. Em “Gladiator”, o andamento diminui de velocidade, criando algo mais climático e que gruda nos ouvidos, fora um refrão de primeira (e é justamente a canção que mostra o quanto a banda pode render) e excelentes guitarras e backing vocals. Fechando o EP, temos a energia crua fluindo de “Chuva de Balas”, cantada em português e um pouco mais simples que as anteriores, com um toque de Hard Rock antigo.

A banda é promissora, e tem muito a oferecer. Uma produção melhor, umas arestas aparadas, e ninguém segura este quinteto!

METALLICA – Hardwired... To Self-Destruct (CD Duplo)


2016
Importado


Tracklist:

Disco 1:

1. Hardwired
2. Atlas, Rise!
3. Now that We’re Dead
4. Moth into Flame
5. Dream No More
6. Halo on Fire

Disco 2:

1. Confusion
2. ManUNkind
3. Here Comes Revenge
4. Am I Savage?
5. Murder One
6. Spit Out the Bone


Banda:


James Hetfield – Vocais, guitarra base
Kirk Hammett – Guitarra solo
Robert Trujillo – Baixo
Lars Ulrich – Bateria 


Contatos:

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Nota:

Originalidade: 10
Composição: 10
Produção: 10

10/10


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Analisar discos de bandas gigantes nem sempre é um trabalho simples, pois existe todo encargo de termos que lidar com a paixão que envolve a banda em questão. E não é algo fácil, acreditem. E imaginem isso lidando com um dos gigantes do gênero?

Pronto, agora já sabem a responsabilidade extrema que é lidar com “Hardwired... To Self-Destruct”, novo do METALLICA, um dos nomes mais famosos do Metal de todos os tempos.

Em primeira instância, poderíamos tratar “Hardwired... To Self-Destruct” como uma volta da banda aos seus tempos mais pesados, sem contanto negar o aprendizado dos anos. Ou seja, nesse álbum você encontrará elementos que remetem diretamente a “Kill ‘Em All”, “Ride the Lightning”, “...And Justice For All” e o próprio “Metallica”, e mesmo algumas coisas que vieram nos discos posteriores à fase áurea do grupo. Existem momentos tecnicamente mais elaborados, outros mais simples; há momentos velozes e cheios de agressividade, outros mais lentos e azedos, e outros no meio termo, mas a energia e vibração que estava ausente há uns tempos está de volta, e mesmo o ótimo trabalho da banda em construir refrãos de simples assimilação está mais uma vez na melhor forma. 

James está cantando muito bem, com agressividade e melodia, e sua mão direita, famosa por tocar alguns dos melhores riffs do Metal, está feroz; Kirk está indo muito bem nos solos (sempre com o uso do Wah-Wah" que lhe é característico) e bases, inspirado e inspirador na sua simplicidade técnica; Robert finalmente está encaixado perfeitamente, mostrando peso e segurança no baixo (e até mesmo no processo de composição), e mais contido em sua técnica; Lars continua sendo um bom baterista, sabendo muito bem conduzir o ritmo da banda, mas sem exagerar demais no aspecto técnico. E o melhor de tudo, o METALLICA está coeso, forte e cheio de energia.

Os Reis do Thrash Metal estão de volta, e estão com um apetite exagerado em termos musicais!

“Hardwired... To Self-Destruct” é o disco que a maioria dos fãs do grupo está esperando ansiosa não há 8 anos (espaço entre este e “Death Magnetic”), mas 25 anos, gente que cresceu hipnotizado pelo trabalho deles nos anos 80. Mas mesmo assim, não se percebe saudosismos da parte da banda. 

Se a banda sempre teve problemas na produção de discos importantes desde muitos anos, “Hardwired... To Self-Destruct” mostra-se muito bem acabado, muito bem cuidado. James, Lars e Greg Fidelman (conhecido produtor americano que trabalhou com o quarteto na mixagem e engenharia de “Death Magnetic”, além de ter trabalhos com SLAYER, APOCALYPTICA, SLIPKNOT, U2, JOHNNY CASH, ADELE e outros) souberam dar uma sonoridade que fosse pesada e polida ao disco, equilibrando bem ambos os aspectos. E a agressividade está óbvia, embalada com um toque de requinte. Óbvio que nem sempre se agrada a todos, mas a qualidade está inegável. 

Em termos gráficos, a capa já gerou muita polêmica, pois uns amaram, outros odiaram, e outros são indiferentes. Mas acho que John Buttino (diretor de arte) conseguiu traduzir em arte visual aquilo que o disco é em termos sonoros: um divisor de opiniões.

Sim, “Hardwired... To Self-Destruct” veio causar mais polêmica por muitos fatores, algumas já pululando na internet. Mas quem conhece a banda de muitos anos (especialmente a geração que os acompanha desde antes de “Master of Puppets” ser lançado), saberá que isso é comum, pois nenhum disco do METALLICA foi muito bem recebido pelos fãs no momento de seu lançamento. E esse não é diferente, necessitando que se tenha tempo para compreende-lo dignamente. 

Mas isso não nos impede de perceber que o grupo resgata sua sonoridade mais agressiva e que sangra energia aos borbotões, e funde à experiência dos acertos e erros desde “Metallica”. E em termos líricos, a banda preferiu se distanciar das polêmicas letras políticas e usa de uma abordagem de temas ligados ao mundo da fama e das celebridades. Mais uma vez, abordam temas polêmicos antes que muitos falem sobre o assunto.

Dissecando “Hardwired... To Self-Destruct”:

“Hardwired” – Primeiro Single de divulgação do CD, e nos apresentam uma rifferama absurda de cair o queixo, esbanjando energia e velocidade. A estrutura harmônica desta canção lembra a simplicidade veloz e impactante de “Kill ‘Em All” em seus melhores momentos. Óbvio que as guitarras se destacam absurdamente.

“Atlas, Rise!” – Terceiro Single de divulgação. Esta já mostra o andamento um pouco mais lento, mas mantendo os níveis de energia de antes, com partes empolgantes que nos levam a bater cabeça, e alguns detalhes mais técnicos. A típica música onde os vocais da banda estão de primeira (James canta usando a experiência, mas com timbres agressivos de sua voz normal), e as linhas melodiosas das guitarras estão fenomenais.

“Now that We’re Dead” – Outra com os tempos não muito rápidos, mas como o grupo esbanja riffs de alto nível! E o peso é absurdo, mas sem deixa que a banda fique suja em excesso. E que refrão, onde as partes de guitarras são memoráveis! Em termos estéticos, as linhas harmônicas lembram bastante as das melodias bem definidas de “Metallica”, mas com uma estética mais bem acabada e fluida, com a agressividade mais lenta do “And Justice For All”.

“Moth into Flame” – Esta foi escolhida para ser o segundo Single de divulgação. É uma torrente de energia crua e forte, com riffs absurdamente insanos e bem trabalhados. O refrão é maravilhoso, o ritmo é bem variado entre o cadenciado e a velocidade mais próxima do refrão e as linhas quase melancólicas dos vocais e backings durante o refrão em si, um traço que o grupo usou muito bem em “Master of Puppets” (se duvidam, ouçam “Disposable Heroes” atentamente, e verão que digo a verdade).

“Dream No More” – O ritmo fica bem cadenciado e pesado, azedo e com alguns toques mais modernos, especialmente perto do refrão. Reparem como a bateria mostra uma boa técnica e peso fenomenal, acompanhada muito bem do baixo. Mais uma vez, eles rebuscam a técnica mais simples e acessível de “Metallica”, só que mantendo uma agressividade ímpar.

“Halo on Fire” – É uma música de mais de oito minutos, e aqui, é aquele típico jogo do grupo com baladas: partes lentas e introspectivas (com belas linhas de guitarra, especialmente solos bem definidos), refrão mais agressivo e pesado, e final estilo locomotiva desembestada que está vindo para cima de ti. 

Isso foi só o disco um, já que a banda usou da velha estratégia de dois discos, como fez com “...And Justice For All” e “Metallica” nas suas versões em vinil (e uma versão de 45 RPM do “Master of Puppets”, não a original). O massacre continua no CD 2!

“Confusion” – Mais uma vez, a banda remexe no baú e rebusca o lado um pouco mais técnico e abrasivo de alguns momentos de “And Justice for All”, mistura à melodias bem pensadas e cria uma música ótima, com alguns toques modernos aqui e ali. Mais uma vez, baixo e bateria estão muito bem. 

“ManUNkind” – O dedilhado de guitarras limpas e baixo no início não engana os fãs mais antigos, pois o que temos pela frente é uma música técnica, pesada e densa, mas sem perder a noção melódica tão preciosa para o grupo. Os arranjos de guitarra estão ótimos, as melodias bem definidas, mas o destaque é mesmo para os vocais, que empolgam muito o ouvinte (isso sem falar em uns toques mais sujos e memoráveis do baixo).

“Here Comes Revenge” – Peso, feeling e qualidade se aliam para criar uma música bem feita, com um vocal cheio de tons irônicos em alguns momentos. Óbvio que os riffs de guitarra estão esbanjando qualidade, e alguns toques mais bem acabados de “Load” e “Reload” são sensíveis (especialmente nos vocais), mas a canção em si remete ao peso opressivo e criativo do “Ride the Lightning” e do “Master of Puppets”.

“Am I Savage?” – A banda revisa algumas de suas influências da NWOBHM e do próprio BLACK SABBATH (devido ao trabalho pesado, mas bem acabado, esteticamente falando), para criar algo climático, com o andamento provocando azedume em vários momentos, mas com outros com toques mais melodiosos.

“Murder One” – Acordes mais melodiosos e sensíveis se intercalam com partes com peso e agressividade. Os tempos buscam ser mais simples e com velocidade longe de exageros. Baixo e bateria mais uma vez estão em grande forma, mas como é bom ouvir a banda gastando seu arsenal de riffs assim de novo.

“Spit Out the Bone” – Se o disco abriu com uma faixa veloz, lá vem outra, com aquele jeitão “Kill ‘Em All” e “Ride the Lightning” mais uma vez, gerando uma canção que não vai deixar pescoço inteiro. Óbvio que, como dito antes, a experiência ajuda demais a banda, adicionando texturas diferenciadas sobre uma base mais simples, belos riffs, solos caprichados, alguns momentos do baixo usando uma distorção forte, e a bateria esbanjando adrenalina. 

Restam-nos apenas algumas considerações:

1. “Hardwired... To Self-Destruct” não é um disco para uma ouvida. Ele tem suas complexidades, logo, é melhor tomarem cuidado para não falarem besteiras (pois o Facebook já anda cheio delas, e algumas sem sentido);

2. Clássico? Sinto muito, não sou discípulo de Nostradamus para assumir a responsabilidade para dizer algo do tipo. Clássicos levam tempo para serem considerados assim, ainda mais quando se trata do METALLICA;

3. Óbvio que alguns irão reclamar que a banda não está fazendo nada de novo de alguma forma. Quando eles ousam, são espinafrados sem dó; quando fazem aquilo que sabem, são criticados ad nauseam. Então, danem-se vossas opiniões, apenas curtam o disco (ou não, mas não encham o saco, pois o meu não é bexiga de festa de aniversário);

4. Não é preciso terem medo: o METALLICA realmente está de volta, e com sede de fazer música! 

Não tem jeito... 

2016 é mesmo o ano dos velhinhos mostrarem aos mais jovens o que é fazer Metal de verdade e em alta performance...



LAVAGE - Zombie Walk (Álbum)



2016
Independente
Nacional


Tracklist:

1. Insustentável
2. Cascalho
3. Viver no Brasil
4. Dez
5. Decadência
6. Zombie Walk
7. Degeneração
8. No Lounger
9. Desintegração
10. Radiola


Banda:


Bruno Andrade - Vocais
Everardo Maia - Guitarras
Glênio Mesquita - Guitarras
Rafael Maia - Baixo
Rogério Ramos - Bateria


Contatos:



Nota:

Originalidade: 9
Composição: 10
Produção: 8

9/10

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A crueza do Punk Rock de raiz ainda é uma grande influência no cenário do Rock brasileiro.

Desde o início dos anos 80, quando o estilo veio suceder a MPB como música de sucesso no Brasil, já se percebia a crueza e mesmo agressividade de bandas como THE CLASH, RAMONES e THE DAMNED em alguns nomes daquela turma (tirando as bandas de Brasília, que tinha mais influência do Pos Punk). E mesmo alguns patifes (no sentido elogioso da palavra) como VELHAS VIRGENS, ZUMBIS DO ESPAÇO e outros possuem esta proposta de fusão entre Rock com Punk Rock. E digamos de passagem: o quinteto LAVAGE de Fortaleza (CE), um veterano lutador do cenário, merece palmas pelo ótimo “Zombie Walk”, que veio para chutar traseiros.

A energia do Punk Rock, a crueza do Rock’n’Roll e uma enorme dose de ironia, tirando sarro de tudo e todos de forma divertida. E sim, “Zombie Walk” é um disco muito bom e divertido, justamente por estar na contramão de muito do que tem sido feito musicalmente em nosso país: nada bonitinho, nada excessivamente técnico, nada muito sério, mas sempre divertido, com arranjos simples e bem feitos. E o disco gruda nos ouvidos de tal forma que é uma ouvida, um novo fã, sem exageros!

O quinteto produziu o próprio disco tendo Paulo Eduardo como co-produtor. E se estão esperando uma superprodução, é aí que se enganam. É sujo, distorcido e orgânico na medida certa, mas com um toque de clareza fundamental para a compreensão do que eles estão tocando (e que nos permite assimilar melhor o trabalho do grupo). Os timbres foram bem sacados, fazendo com que a sonoridade de “Zombie Walk” fique próximo ao que a banda soa ao vivo. 

E a arte gráfica de Bruno (vocalista do grupo) e Heberson Gomes é uma tirada de sarro fenomenal com ícones da cultura Pop atual, e mesmo com a falta de senso crítico em relação a tudo que é consumido e assimilado pelas pessoas sem nem ao menos usarem o cérebro para saber os motivos de fazerem tal coisa. E o papersleeve usado, com capa dupla, é muito interessante e bem feito.


Simples, com arranjos bem feitos, espontaneidade a mil preenchem as dez canções de “Zombie Walk”, e garantimos que nada no disco é relevante ou mesmo descartável. O grupo usou de sua experiência de 13 anos de luta no cenário local para criar um disco que beira a perfeição.

Melhores momentos:

“Cascalho” com sua energia crua e dose certa de acessibilidade musical (reparem bem nos arranjos de guitarra e no refrão de primeira); a velocidade empolgante de “Viver no Brasil” (belo trabalho de baixo e bateria, que mesmo na simplicidade, colocam alguns arranjos bem legais); a ironia explícita de “Dez” (que apresenta um andamento um pouco mais variado, fora uma dose mais crua de Rock’n’Roll sensível nos arranjos); a divertidíssima (beira a ironia) “Decadência” e seus arranjos grudentos e ótimo trabalho de vocais; a mezzo Punk, mezzo Rockabilly “Zombie Walk”, cantada em inglês, mas esbanjando a energia crua da banda, especialmente nas guitarras (reparem nos solos); e as mudanças de ritmo em “Desintegração” e sua mensagem ácida. Mas não se pode jogar as outras fora de jeito algum.

Este quinteto merece crescer mais e mais, porque meus caros, eles realmente estão aqui para chutar traseiros sem dó de quem quer que seja. E o melhor de tudo: “Zombie Walk” não deixa de ser divertido em momento algum!

Discão!

BAROK-PROJEKTO - Sovaĝa Animo (Álbum)



2016
Nacional


Tracklist:

1. Antaŭparolo de Prapatra Kaciko
2. Tauba kaj Kerana (Malbeno - 1a parto)
3. Ĉe ni estas Abasai' 
4. Droniga Pasio
5. Reĝino de la Nokto
6. Sovaĝa Animo
7. La Sep Filoj (Malbeno - 2a parto)
8. La Sagoj de Rudá
9. Melodio de Akŭanduba
10. Kaapora (Kroma Trako)
11. La Plej Bona Ĉasisto (Kroma Trako)


Banda:


Karliene Araújo - Vocais
Rafael Milhomem - Guitarras
Muniz - Guitarras
Thiago Alberto - Baixo 
Junior Neri - Bateria


Contatos:



Nota:

Originalidade: 9
Composição: 8
Produção: 6

8/10

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Brasil é fértil em termos de Metal, uma verdade que é clara desde meados dos anos 80, quando após o Rock in Rio e com o final do regime militar de 21 anos, uma autêntica legião de novos nomes se uniu aos já existentes e fortificou as bases do cenário nacional. E ao mesmo tempo, nosso país é capaz de gerar bandas que buscam fazer trabalhos diferenciados, algo novo que ainda não exista.

E é justamente com este pensamento em mente que podemos aproveitar em plenitude um trabalho como o do quinteto goiano BAROK-PROJEKTO, que depois de muito suor, consegue chegar com seu primeiro álbum, “Sovaĝa Animo”, um disco único em termos de Metal.

O estilo da banda é aquele Power Metal melódico que tem claras influências da música clássica. Mas isso apenas em uma observação inicial, pois logo se percebe alinhavo regional brasileiro em vários pontos, em especial elementos vindos referenciando a cultura indígena do Brasil. E para dar um toque diferencial, eles cantam em Esperanto, uma língua criada pelo médico judeu Ludwik Lejzer Zamenhof, que visava criar uma linguagem universal por seu fácil aprendizado. Ou seja, é diferente, bem feito e envolvente.

A produção de Marco Aquilino (que também mixou o disco) soa um pouco crua demais para este tipo de estilo de Metal. Não está ruim, pois se percebe que a banda faz um trabalho ótimo, mas os timbres instrumentais nos dão a clara impressão de ter aquela famosa “fumaça”. Não chega a ser um inconveniente, mas a banda poderia ter sido produzida de uma maneira mais concordante com seu estilo.

A arte gráfica, por sua vez, é belíssima, em uma clara referência aos tesouros naturais de nosso país. 

Neoclássico e pesado, “Sovaĝa Animo” mostra todo o potencial o grupo possui, bem como sua ousadia. A banda mostra ótimos arranjos, boas melodias, e o mais importante: criatividade.


“Tauba kaj Kerana (Malbeno - 1a parto)” com seus andamentos melodiosos e vocais femininos bem postados (que evitam o famoso formato lírico), a pesada e repleta de ótimos arranjos de teclados “Ĉe ni estas Abasai’” (e a base rítmica dá um show de peso e técnica, uma pena que a qualidade sonora deixou essas partes não tão claras como poderiam soar), os arranjos barrocos e mesmo brasileiros que são ouvidos na bela “Droniga Pasio”, a belíssima e curta “Sovaĝa Animo” (levada com flauta, violões e o canto melodioso de sua vocalista, e justamente nela os elementos brasileiros florescem em sua plenitude), o peso das guitarras e baixo em “La Sep Filoj (Malbeno - 2a parto)” (percebam como a banda realmente possui uma vocação natural para o peso), a variada e criativa “Melodio de Akŭanduba” (é tão cheia de variações rítmicas que vai do Progressivo ao extremo sem que percebamos, com arranjos ótimos de baixo e bateria mais uma vez, além de belas flautas e teclados) são as melhores canções do disco. 

Acertando a produção sonora, o grupo só tende a render, e é uma das grandes revelações de 2016, com certeza.