7 de set. de 2016

REBOTTE - Insurgência (EP)



2016
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0


Músicas:

1. Insurgência
2. Cicatrizes
3. Discórdia
4. Amanhecer
5. Existência


Banda:


Lívia Almeida - Vocais
Bruno Abud - Guitarras
Vitor Acacio - Guitarras
Robin Gaia - Baixo
Santiago Soares - Sintetizadores
Ellen War - Bateria


Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Enfim, a modernidade em termos de Metal anda ficando os pés no Brasil. 

Sim, pois aparentemente bandas com sonoridades mais modernas andam surgindo mais e mais no cenário, trazendo renovação musical e novos fãs para o cenário ao mesmo tempo. E isso é bom, pois permite que novas idéias surjam, idéias que permeiam o trabalho do sexteto paulista REBOTTE, que estréia em disco com o EP "Insurgência".

O grupo é adepto de sonoridades mais modernas, o que nos permite dizer que eles preferem algo que junte a agressividade do Metal extremo com a força moderna de tendências como o Death Metal de Gotemburgo e algumas pitadas de Djent Metal em alguns pontos. E fica claro que o grupo tem talento, ostenta uma ótima técnica em termos instrumentais, e apresenta vocais que variam bastante os timbres guturais e rasgados.

Em termos de sonoridade, "Insurgência" ficou em um nível muito bom de qualidade. Se ouve tudo perfeitamente, sem esforços, mas o peso e a agressividade musical do sexteto estão bem evidentes. Ou seja, é esporro sonoro feito com qualidade, além de timbres instrumentais bem escolhidos. Um bom trabalho de Rogério Oliveira.

A parte gráfica ficou de alto nível, pois a capa e o layout estão muito bons, mesmo trabalhados em tons de negro e marrom. Hugo Silva e Henrique Baptista estão de parabéns.

De certo modo, o EP mostra uma banda eclética, que vai juntando influências de vários estilos de Metal para criar algo pessoal, mais deles. E isso se reflete nas músicas, devido ao dinamismo entre as mudanças de andamento, aos arranjos bem feitos e estruturas harmônicas de primeira. 

"Insurgência" - Uma introdução climática que vai preparando o ouvinte para o que vem pela frente.

"Cicatrizes" - O início do EP mostra que o sexteto é ousado, usando de melodias à lá Gotemburgo, mas com andamentos que vão mudando bastante, fora um trabalho ótimo dos vocais (os guturais contrastam muito bem com os timbres rasgados), além de baixo e bateria estarem muito bem. E o refrão nos lembra o trabalho de bandas mais voltadas ao Metalcore, usando de melodias muito bem pensadas.

"Discórdia" - Podemos perceber que alguns arranjos usando sintetizadores surgem, fora o famoso "wah-wah" se fazer presente. A música em si, por ser mais curta, mostra somente o lado mais lento e azedo da banda, com alguns inserts melodiosos. Destaque total para os riffs das guitarras.

"Amanhecer" - Em termos musicais, vemos uma agressividade mais ríspida e rasgada, mas tendo teclados providenciais como um belíssimo esteio para as guitarras mostrarem um trabalho rico em riffs caóticos. E as mudanças rítmicas são muito boas, com andamentos bem azedos.

"Existência" - Outra com uma pegada bem moderna, impactante e pesada, mostrando um trabalho extremamente empolgante em termos de baixo e bateria. E a envoltória melodiosa dada pelos sintetizadores ficou ótima.

Resumindo: bem-vindo, REBOTTE, pois o Metal nacional merece mais boas bandas como vocês.

MOBY JAM - Sem Juízo (Álbum)



2016
Independente
Nacional

Nota 8,5/10,0


Músicas:

1. Purpurina
2. Sol
3. Chuva Ácida
4. Descalabro
5. Homem de Gelo
6. Brilhar a Minha Estrela (Dá Mais Um)
7. O Vôo
8. Sem Juízo


Banda:


Marcelo Vargas - Guitarras, vocais
Elson Braga - Baixo
Augusto Borges - Bateria


Contatos:

Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Fazer Rock'n'Roll é uma tradição bem antiga no nosso país. 

Se falarmos com justiça, é preciso lembrar-nos de mestres como RAUL SEIXAS, MADE IN BRAZIL e outros que lá nos anos 60 e 70 deram o ponta-pé inicial na coisa. E esse jeito mais despojado e direto de fazer Rock ainda existe nos dias de hoje, com boas bandas surgindo de todos os cantos do Brasil.

Por isso, bandas como o power trio MOBY JAM, de Varre-Sai (RJ), têm seu lugar dentro do cenário, pois discos como "Sem Juízo" são fascinantes aos nossos ouvidos.

A banda faz um Rock'n'Roll melodioso e firme, mas com aquela dose de agressividade e sujeira que nos fazem bem. Ou seja, sua música tem seus toques de acessibilidade musical (o que nos prende à música do trio), mas sempre caprichada, com forte influência do gênero praticado nos anos 70 por aqui, com vocais bem postados, riffs de guitarra simples e solos funcionais, baixo e bateria formando uma base rítmica sólida e bem feita. Óbvio que sentimentos influências de BLACK SABBATH, LED ZEPPELIN, SCORPIONS e outros, mas a banda possui uma personalidade forte, e justamente por não terem compromissos e ambições que seu trabalho é tão bom.

A produção é do próprio trio, que soube buscar uma qualidade sonora que estivesse conforme o que desejavam para seu trabalho. E acreditem: produzir um disco assim no Brasil não é algo simples, pois permitir que a crueza sonora não danifique o lado melodioso não é fácil. Mas apesar de um ou outro percalço, a banda se saiu muito bem. 

A arte gráfica é bem simples, com a banda usando de um papersleeve sem muita pompa. Mas interessante é que assim, nos lembra dos famosos discos de vinil, que andam voltando ao mercado. O resultado final é muito bom.

"Sem Juízo" é muito bom de ponta a ponta, mas existem alguns momentos em que a banda mostra um trabalho excepcional.

"Purpurina" - Aquele jeitão pesado e azedo, mas melodioso, que se costumava usar em termos de Rock nos anos 70. O refrão é muito bom e grudento, e os arranjos simples da banda deram um tom acessível à canção. Reparem nos riffs de guitarra, que ficaram muito bons.

"Sol" - Alguns arranjos mais pesados nas guitarras, vocais bem postados, e a música é bem dinâmica, com partes bem acessíveis que ganhariam as rádios de Rock nos anos 80 facilmente. E algumas partes limpas com violão ficaram muito bem encaixadas.

"Descalabro" - Aqui, apesar da crueza, a banda exibe certo toque de Rockabilly (devido à presença de um piano, dando um toque de bom gosto à canção). Reparem como baixo e bateria estão ótimos na canção.

"Brilhar a Minha Estrela (Dá Mais Um)" - Para quem conhece os primórdios da cena do Rock carioca, sabe que este é um dos hinos dos anos 80, que originalmente pertence à banda SANGUE DA CIDADE. Mas é interessante reparar como a banda soube dar uma atualizada na canção, sem perder aquele swing desse Reggae/Rock que embalou muitos. Reparem como os vocais e as guitarras estão ótimas.

"O Vôo" - Nessa, a band escolheu usar de arranjos mais limpos nas guitarras, em uma faixa mais acessível, capaz de ganhar as rádios com facilidade. Mas a banda deu uma caprichada nos arranjos, com um teclado de fundo, fora baixo e bateria estarem muito bem mais uma vez.

No mais, nos resta dizer que este trio sabe o que faz com sua música, logo, ouçam "Sem Juízo" e boa viagem!

NO TRAUMA - Viva Forte Até o Seu Leito de Morte (Álbum)


2016
Nacional

Nota: 8,5/10,0

Tracklist:

1. Fuga
2. Quimera
3. M.M.A
4. Massa de Manobra
5. O Chamado
6. Forca
7. Sedativo
8. Demoniocracia
9. Igualdade
10. Algemas do Medo
11. Viva Forte
12. Sawabona Shikoba


Banda:


Hosmany Bandeira - Vocais
Tuninho Silva - Guitarras
João de Paula - Baixo
Marvin Freitas - Bateria


Contatos:

Roadie Metal (Assessoria de Imprensa)


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O Metalcore tem sido um estilo no Brasil que tem se firmado mais e mais, com novas bandas surgindo aos montes. E um dos aspectos mais interessantes que o estilo tem gerado é que os fãs do gênero fogem do radicalismo empoeirado e danoso que muitos usam apenas para a afirmação pessoal. E isso é bom, pois talvez o Metalcore seja o divisor de águas que leve as novas gerações à uma nova consciência, necessária e atualizada.

E o RJ gera mais um bom nome do gênero: NO TRAUMA, banda que enfim chega com seu primeiro disco, "Viva Forte Até o Seu Leito de Morte", lançado pela MS Metal Records.

A banda teve mudanças em sua formação e mesmo em sua musicalidade, já que o disco apresenta uma musicalidade híbrida entre o Metalcore e influências do Metal extremo, algumas levadas bem Djent, melodias à lá Gothenburg Death Metal e mesmo toques de HC em alguns momentos. A banda sabe o que faz, e musicalmente é envolvente, trazendo algo de novo ao cenário. 

E meus caros, "Viva Forte Até o Seu Leito de Morte" é um disco que gruda em nossos ouvidos, mostrando que o NO TRAUMA veio com disposição, metendo uma bicuda na porta e disposto a não só ocupar seu espaço, mas a conquistar cada vez mais fãs.

Produzido pelo próprio quarteto, o CD tem uma sonoridade bem caprichada, buscando aliar bem o peso de suas canções com a agressividade raivosa e as melodias preciosas que eles usam. E se saíram muito bem, pois a sonoridade está de bom nível. Poderia ser melhor, é verdade, mas está de bom nível.

A arte da capa é muito interessante, e o encarte é simples, mas bem feito. Ou seja, em termos gráficos, a banda preferiu algo um pouco menos complexo que o estilo costuma mostrar, e se saíram bem.

O ponto mais forte do NO TRAUMA é saber trabalhar bem suas músicas sem perder a naturalidade na execução. Não existem excessos musicais, tudo está bem feito e encaixados, a dinâmica entre os instrumentos e com os vocais está muito boa.

Melhores momentos:

"Fuga" - O dinamismo entre os instrumentos é ótimo, com aquela influência do Djent Metal bem clara aos ouvidos, especialmente nas guitarras. Mas o clima geral é agressivo, chegando a doer os ouvidos se exagerarmos nos ouvidos.

"Quimera" - Cheia de mudanças de andamento, variando entre a agressividade melodiosa de bandas de Melodic Death Metal e a técnica Metalcore/Djent da banda. Destacam-se baixo e bateria, que estão excelentes tecnicamente.

"M.M.A." - Aqui, o lado mais sombrio e introspectivo do Metalcore da banda está claro aos ouvidos, com arranjos de guitarra de primeira, fora os vocais estarem muito bem em todas as suas mudanças de tons de voz.

"Demoniocracia" - Uma forte crítica social nas letras, cujo corpo musical é uma música em que os elementos de HC e Metalcore se aliam a uma dose forte de Djent Metal, mostrando melodias preciosas. Mais uma vez, os vocais raivosos são o ponto forte da canção.

"Igualdade" - Raivosa e rasgada, esta música tem toda aquela aura forte e azeda do Metalcore/Djent Metal, mas reparem como melodias fortes e intensas vindas de Gotemburgo estão bem claras em meio a tanta agressividade. E que ótimos backing vocals.

"Viva Forte" - O andamento varia bastante de momentos mais amenos a outros puramente velozes e empolgantes. Óbvio que isso mostra a força da base rítmica da banda, que está muito bem mais uma vez.

No geral, o NO TRAUMA mostra que tem muito a dar ao cenário nacional, e que com a devida chance, "Viva Forte Até o Seu Leito de Morte" é um disco de primeira. Mas ao mesmo tempo, se percebe que a banda pode ir ainda mais longe, que tem potencial para fazer músicas ainda melhores.

Que venha o futuro, mas o presente é excelente.