9 de jul. de 2016

ROADIE METAL VOL. VII (coletânea)


2016
Independente
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Músicas:

CD 01:

1. SYREN - "Motordevil"
2. TROPA DE SHOCK - "Inside the Madness"
3. VÁLVERA - "Cidade em Caos"
4. DOLORES DOLORES - "I Was Wrong"
5. UNDERLOAD - "Let It Go"
6. MAKINÁRIA ROCK - "Eleição ou Gozação"
7. HERYN DAE - "Heryn"
8. OVERHEAD - "Overhead"
9. NORMANDYA - "Lost Seasons"
10. FENRIR'S SCARS - "Downfall"
11. BLESSED IN FIRE - "Blessed in Fire"
12. APEYRON - "The Dance of Fire"
13. S.I.F. - "Puritania"
14. GRAVIS - "Ladrão"
15. VATE CABAL - "A Extração da Pedra da Loucura"
16. UNDERHATE - "Revolution Day"
17. EDUARDO LIRA - "Sunrise"


CD 02:

1. VOODOOPRIEST - "Juggernaut"
2. MONSTRACTOR - "The 4th Kind"
3. FORKILL - "Let There Be Thrash"
4. KRYOUR - "Chaos of My Dream"
5. CRIMINAL BRAIN - "Victim"
6. HANDSAW - "Supreme Being"
7. DYING SILENCE - "Sem Concerto"
8. DEMOLITION - "Infected Face"
9. DEADLINESS - "Guerreiros do Metal"
10. HELLMOTZ - "Wielding the Axe"
11. DEATH CHAOS - "House of Madness"
12. MELANIE KLAIN - "Lavagem Celebral"
13. PSYCHOSANE - "Road"
14. AS DO THEY FALL - "Nemesis"
15. DIOXINA - "Sombras"
16. HEAVENLY KINGDOM - "Hungry Misery and Pain"
17. SOUTH HAMMER - "Harley My Motorcycle"
18. CRUSH - "Pedrada"


Contatos:


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


As coletâneas no Brasil ainda são uma ótima forma para bandas mais novatas chegarem aos ouvintes. Isso porque, em geral, as pessoas acabam ouvindo bandas menos conhecidas que entram no pacote junto com outras de maior expressão. E isso é ótimo, pois todos saem ganhando: as bandas grandes ganham mais divulgação, as pequenas se tornam mais conhecidas, e o selo possui um belos feedback.

Nesse ponto, a já tradicional série ROADIE METAL sempre ajuda bastante, especialmente porque o volume 7, que acaba de sair, nos trás algumas surpresas muito boas.

O formato usado é o que está descrito acima: algumas bandas de mais nome, e calejadas, ajudam as mais novas a ganharem projeção.

No caso deste volume, gigantes como SYREN, TROPA DE SHOCK, VOODOOPRIEST, MAKINÁRIA ROCK e FORKILL chamam a atenção, e assim, ajudam outras menos conhecidas.

Um traço que fica evidente logo de cara: existe uma assimetria entre os dois discos. No CD 1, temos bandas mais focadas no Metal tradicional, no Hard Rock clássico, no Groove Metal e no Rock'n'Roll, enquanto o CD 2 é o ataque mais extremo, com bandas de Thrash Metal e Death Metal.

A qualidade das gravações varia bastante, o que é óbvio, e como já citei outras vezes, cada banda investe como pode, e sabe como quer que sua música soe, logo, esta discrepância é mais que normal.

Em termos de cada banda, deixamos claro de cara: falar do SYREN com "Motordevil" (um puta Heavy tradicional moderno, cheio de melodias, com um trabalho ótimo de guitarras e vocais, sem desconsiderar a base rítmica sólida do grupo), do TROPA DE SHOCK com "Inside the Madness" (outra com um lado Metal tradicional moderno evidente, cheio de boas doses de agressividade e também com vocais absurdos, guitarra roncando em riffs hostis, e base rítmica pesada e variada), do MAKINÁRIA ROCK e a inédita "Eleição ou Gozação" (pois não consta em nenhum disco da banda, e é aquele Rock sujo e cru de primeira, cheio de riffs raivosos e uma cozinha rítmica bruta, e vocais de primeira), do VOODOOPRIEST com "Juggernaut" (vinda do primeiro EP da banda, uma voodoozagem Thrash/Death furiosa, cheia de riffs raçudos, cozinha rítmica perfeita e vocalizações mais que perfeitas, já que Vitor é um dos melhores do Brasil no gênero) ou do FORKILL em "Let There be Thrash" (faixa ainda inédita em disco, um Thrash Metal furioso, com andamento mais lento, recheado de guitarras fantásticas, vocais à lá Lemmy com garganta infeccionada, e baixo e bateria em grande desempenho) seria não fazer justiça às outras bandas, logo, já falo delas em separado.

Assim, do CD 1, destacamos o excelente trabalho do VÁLVERA em "Cidade em Caos" (um Metal tradicional cheio de influências do Thrash Metal, apresentando riffs de primeira), a sujeira melodiosa do DOLORES DOLORES  "I Was Wrong" (cheia de melodias ganchudas nos riffs, e vocais ótimos), o Rock sujo e doido do OVERHEAD em "Overhead" (que apesar do título, é cantada em português, cheia de swing e feeling, com baixo e bateria dando um show de peso), o Metal tradicional à lá NWOBHM do APEYRON em "The Dance of Fire" (a banda tem muito potencial, apresentando melodias ótimas, mas precisam melhorar em termos de qualidade de gravação, pois ficou cru demais para a música deles), e o Hard'n'Roll de EDUARDO LIRA na instrumental "Sunrise" (acessível, pegajoso, mas pesado e cheio de arranjos musicais de primeira, especialmente nas guitarras).

Como dito antes, no CD 2 a porradaria estanca!

Os destaques são a fúria Thrash do MONSTRACTOR em "The 4th Kind" (esbanjando técnica, peso e energia, com riffs bem dinâmicos e vocais à lá urso de primeira), a raiva Death/Grindcore do HANDSAW em "Supreme Being" (muita técnica e esporro sonoro, especialmente pelo trabalho excelente de vocais e bateria), os Thrashers do DEMOLITION em "Infected Face" (ainda com a voz do antigo vocalista da banda, Augusto Zenn, mas a faixa é ótima, agressiva, com andamentos muito bons, mostrando como o trabalho de baixo e bateria é de primeira), a raiva incontida do DEADLINESS em "Guerreiros do Metal" (vocais muito legais, mas como essas guitarras roubam a cena, com riffs absurdos), o Thrash/Groove do HELLMOTZ em "Wielding the Axe" (forte e com aquele Groove moderno acentuado, envolto por guitarras ferozes), a agressividade Death Metal rasgada do DEATH CHAOS em "House of Madness" (com um andamento mais cadenciado, evidencia-se a força da base rítmica, e a banda alterna momentos agressivos e outros mais terrorosos, mostrando a versatilidade de seu vocalista), o Thrashcore raivoso do MELANIE KLAIN em "Lavagem Cerebral" (cheio de influências do Hardcore, onde as guitarras roubam a cena), e o arrasador de pescoços do DIOXINA com "Sombras" (outro Thrash Metal bruto, que faz as paredes tremerem com a força de sua música, onde as guitarras estão excelentes).

Como sempre, é preciso dizer que as bandas que não foram citadas na resenha também estão com trabalhos muito bons, algumas necessitando apenas de lapidar melhor suas composições, ou de uma gravação mais bem feita. De resto, todas estão muito bem e merecem aplausos.

Lembro o caro leitor que a coletânea ROADIE METAL é para distribuição gratuita (ou em outras palavras, é 0800, meus caros), só bastando sintonizar o programa Roadie Metal, apresentado por Gleison Júnior (idealizador da coletânea, apresentador do programa e responsável pela Assessoria Roadie Metal) todas as quintas-feiras, das 20h30min até as 23h00min, e aos sábados, das 14h40min às 16h15min, sempre ao vivo, no seguinte link: 



Vai lá, e assegure sua cópia, oras!


SUNRUNNER - HELIODROMUS (Álbum)


2016
Minotaur Records
Importado

Nota: 9,0/10,0


Músicas:

1. Dies Natalis Soli Invictus
2. Keepers of the Rite
3. Corax
4. The Horizon Speaks
5. Star Messenger
6. The Plummet
7. Technology's Luster
8. Passage
9. Heliodromus


Banda:

David Joy - Baixo, vocais
Joe Martignetti - Guitarras, violão, bouzouki, flauta, vocais
Ted MacInnes - Bateria, percussão, vocais


Contatos:

Bandcamp
Som do Darma (Assessoria de Imprensa)

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Sabe quando um disco te surpreende na primeira ouvida, de uma forma que você não tem muito bem como explicar?

Pois é, é isso que o trio norte-americano SUNRUNNER, de Portland, nos faz sentir quando colocamos "Heliodromus" para tocar.

O trio faz uma mistura ótima de Metal tradicional com Rock Progressivo de uma forma em que temos algo mais pesado, orgânico e visceral do que as bandas de Prog Metal. Talvez porque, apesar de terem uma boa técnica instrumental individual, o forte do grupo é o conjunto, onde cada um contribui de sua forma para montarem canções pesada e intensas, com muita energia e elegância. Entre suas influências mais claras, temos BLACK SABBATH (por conta do peso constante) e RUSH (devido à fusão de Rock Progressivo e Metal de uma maneira pesada e bem orgânica). É bem diferente mesmo do que se faz por aí em termos de Prog Metal atualmente.

Em termos de produção, a banda foge da limpeza das bandas de Prog Metal atuais, buscando algo um pouco mais orgânico e que remeta aos anos 70, sem contanto perder a clareza moderna. É um trabalho bem feito de Jimmy Martignetti (mixagem) e Pat Keane (masterização).

A arte da capa vai direto de encontro com as letras esotéricas do grupo, que Jan Barlow soube captar muito bem, e esta gravura é chamada "Song of the Earth".

Elegante sem ser esnobe; orgânico sem ser exageradamente cru; o SUNRUNNER conseguiu um ponto de equilíbrio interessante, mesmo porque a banda não fica apenas na fusão de Metal com Rock Progressivo. Há momentos em que a música Folk aparece (como em "The Plummet"), e isso sem mencionar a presença de flautas, violinos (cortesia da convidada Sarah Mueller), uds (tocados por Amos Libby), bouzouki e outras surpresas que só fazem enriquecer o trabalho do trio.

Melhores momentos:

"Keeper's of the Rite" - Uma música cheia de energia, melodias à lá NWOBHM, e com ótimo trabalho de vocais e backing vocals (corais e refrão de primeir), sem desprezar o trabalho das guitarras de forma alguma.

"Corax" - Muito pesada, com riffs de guitarra à lá BLACK SABBATH e uma estética Progressiva crua com jeitão de YES, mas que ganha uma pegada mais intimista, mostrando a versatilidade do grupo em uma canção.

"Star Messenger" - A força do Metal, a técnica do Rock Progressivos e a maciez sutil do Jazz se misturam, se alternam de uma forma que nos surpreende. E nessa canção, vemos como baixo e bateria são técnicos e sabem manter uma base rítmica intensa e pesada.

"The Plummet" - Flautas, uds, bouzoukis e vocais de primeira adornam esta faixa com clara influência da música Folk. E os toques de classe dados pelos violinos e violões são algo soberbo.

"Technology's Luster" - Esta é mais rápida e moderna, com uma pegada bem mais voltada ao Rock'n'Roll e muita acessibilidade musical. Mas temos alguns momentos mais intrincados. No geral, os vocais estão de primeira, e as guitarras mostram sua versatilidade.

"Heliodromus" - Aqui, toda veia técnica e progressiva do trio fica exposta, pois em 20 minutos de duração, o número de mudanças rítmicas, momentos técnicos, é absurdo. Nem temos como dizer qual dos instrumentos se destaca, pois a banda como um todo está fantástica.

"Heliodromus" não é somente um excelente disco, mas mostra uma forma alternativa de se fazer Prog Metal. E digamos de passagem: o SUNRUNNER é uma bandaça de primeira!



WITCHOUR - THE HAUTING (EP)


2016
Independente
Importado

Nota: 9,0/10,0

Músicas:

1. Feel the Unknown
2. The Hunger
3. The Hammer
4. Conjure Thy Will


Banda:

Alejandro Souza - Vocais
Ezequiel Catalano - Guitarras
Federico Rodriguez - Guitarras
Fernando Paleari - Baixo
Javier Cuello - Bateria

Contatos:



Cada vez mais, o Brasil toma conhecimento da força de seus vizinhos na América do Sul em termos de Metal. Se enquanto bloco econômico o Mercosul naufraga, em termos de Metal vemos uma invasão de bandas de vários hermanos nossos. E da Argentina, que já nos deu tantas bandas boas, vem o WITCHOUR, um quinteto de primeira, que chega com seu EP, "The Haunting".

Basicamente, o grupo faz um mix muito bom entre o Technical Death Metal melódico já conhecido de todos, mais alguns vocais limpos aqui e ali que são de primeira. Mas não pense que eles não sabem ser agressivos, muito pelo contrário: a agressividade é enorme, chega causar dor nos ouvidos dos menos acostumados. E isso fora falar do lado técnico privilegiado, melodias bem encaixadas, e um trabalho coeso e intenso. As influências não poderiam ser melhores: IN FLAMES e SOILWORK, mas cuidado, pois nossos hermanos têm uma personalidade muito forte e clara.

A produção ficou em um nível muito satisfatório, ainda mais sabendo que é um trabalho independente.

Gravado nos Absolute Studio (exceto os vocais, que foram gravados no PGM Studio), a produção é do próprio quinteto, junto com Ivan Iñiguez, que ainda reamplificou o som das guitarras, mixou e masterizou as música. Resultado: uma sonoridade intensa, pesada e moderna, com um nível de clareza instrumental muito bom, sem contar que a escolha dos timbres foi muito cuidadosa, pois a música consegue soar clara e agressiva ao mesmo tempo.

Já a parte gráfica é um trabalho de primeira de Cristian Trefny, da Diabolus in Graphica. É chamativa, sedutora e bem agressiva, ou seja, traduz para o visual a música desse quinteto insano.

Vocais urrados que contrastam com outros limpos, guitarras com riffs sólidos e solos bem feitos, baixo e bateria coesos e formando uma cozinha rítmica técnica. E misturando tudo isso, temos essa música pesada e azeda até os ossos, mas sempre de bom gosto. E nossos hermanos mostram que sabem o que querem em suas quatro músicas.

"Feel the Unknown" - Uma brutalidade opressiva, cheia de mudanças de ritmo e com belos vocais limpos (que estariam com timbres mais próximos do BORKNAGAR do que para bandas de Metalcore). E como baixo e bateria mostram sua técnica muito bem aqui.

"The Hunger" - Azeda, introspectiva e com um andamento cadenciado de primeira, mas logo os tempos dão uma acelerada. E as guitarras se alternam entre riffs mais agressivos e outros mais melódicos, fora solos muito bem feitos (e nada convencionais).

"The Hammer" - Esta apresenta muita adrenalina e velocidade, com bumbos duplos bem técnicos, vocais que alternam timbres de rasgados de primeira. Mas as mudanças de ritmo são sempre muito bem feitas, com técnica sóbria e muito peso.

"Conjure Thy Will" - Majoritariamente, os tempos são medianos, embora as mudanças rítmicas sejam constantes. Ou seja, temos uma canção com a técnica instrumental sendo fator dominante. Mas o peso é bruto, e a qualidade musical é de alto nível. Reparem como esses dois guitarristas evoluem muito bem o tempo todo.

O WITCHOUR é uma grata revelação do Metal Sul Americano. E espero que estejam com planos de virem ao Brasil em breve, bem como um álbum esteja bem próximo.

Mas até que o disco chegue, "The Haunting" é para ser ouvido muitas vezes seguidas, e pode ser ouvido e baixado no perfil da banda no Bandcamp.

Ah, sim: agradecimentos à Metal Media Management por permitir que este EP chegasse até nossas mãos para a resenha!