15 de mai. de 2016

DARKSHIP - We Are Lost (Álbum)


2016
Independente
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Fundir estilos tem sido uma estratégia que as bandas de Metal que tem rendido frutos interessantes nos últimos anos. E ao que parece, pode ser de onde o estilo revelará nomes em um futuro (breve ou distante) que venham a suceder os dinossauros do gênero. Mesmo no Brasil, esta forma de se fazer música é muito utilizada.

E é justamente nesse formato que o ótimo sexteto DARKSHIP, com integrantes de Carlos Barbosa e Porto Alegre (RS), mostra potencial em seu primeiro trabalho, o álbum "We Are Lost".

A banda mostra um fundo calcado no Symphonic Metal, mas uma gama de influências diferenciadas vão se aglutinando ao trabalho musical que eles nos oferecem, indo do suave e introspectivo ao grandioso, às vezes expondo uma agressividade rasgada (alguns vocais guturais dão um toque muito bom de brutalidade em meio às melodias). Até mesmo alguns elementos do Pop e do Rock Progressivo aparecem no disco, mas a banda se mostra coesa, criando assim uma música de bom gosto e que diferenciada. Ou seja, temos uma banda de Metal moderno, bem feito, melodioso e de primeira qualidade.

Em termos de produção sonora, podemos aferir que a produção é de primeira.

Darkship
A sonoridade é clara, nos permitindo compreender claramente os arranjos da banda e perceber que os timbres instrumentais são muito bem escolhidos. Mas ao mesmo tempo, ela consegue ter uma dose grande peso e agressividade para que fã nenhum de Metal botar defeito.

Já o lado artístico é mais um ótimo trabalho de Carlos Fides, da Artside Studio, que já trabalhou com EVERGREY, NOTURNALL, SHAMAN, ALMAH, entre outros, logo, é de primeira, com uma capa linda e um layout de muito bom gosto.

Quando "We Are Lost" começa a tocar, se percebe que a banda é de primeira, com músicas bem pensadas, arranjos esmerados e um trabalho musical como um todo de muito alto nível. Mas não pense que a elegância deixa de fora a noção de espontaneidade, muito pelo contrário.

O disco como um todo é ótimo, mas podemos apontar alguns destaques em "Black Tears" e sua ótima diversidade musical (belos arranjos de teclados e guitarras, seja nos momentos mais agressivos ou nos mais calmos, já que a música é bem rica), a beleza estética de "Different Days" e seus toques pesados (e mesmo alguns momentos mais ecléticos), "We Are Lost e sua diversidade melodiosa (como o contraste de vozes masculinas e femininas ficou ótimo nela), a energia bem trabalhada de "Prison Of Dreams" e suas mudanças de ritmo (os teclados se encaixam perfeitamente em todos os momentos, fora a voz melodiosa da vocalista nos momentos que tem aquele jeitão Pop), os toque mais góticos de "II Hearts", o trabalho bem coeso e pesado na elegante "Eternal Pain" e suas doses belas de "Popssívo" (mesmo alguns momentos Goth Rock dão as caras), e a elegante e bem trabalhada "Frozen Feelings" (com momentos grandiosos, puxando para o lado Symphonic Metal da banda, mas sem perder a noção de peso).

A banda tem muito a oferecer, e se já estão em um nível alto assim na estréia, o que podemos esperar do futuro é algo brilhante. E verdade seja dita: potencial para isso o DARKSHIP tem.

E muito!



Músicas:

1. The Universe Conspires
2. Black Tears
3. I Can Wait For You
4. Different Days
5. We Are Lost
6. Prison Of Dreams
7. II Hearts
8. You Can go back
9. Eternal Pain
10. Frozen Feelings


Banda:

Sílvia Cristina Schneider Knob - Vocais
Joel Milani - Vocais
Ismael Borsoi - Guitarras
Rodrigo Schäfer - Baixo
Andrei Kunzler - Teclados
Joel Pagliarini - Bateria


Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)

APOKATHILOSIS - Where Angels Fear to Tread (Álbum)


2016
Independente
Importado

Nota: 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


No mundo globalizado em que vivemos atualmente, não é mais tão raro assim ver brasileiros em bandas gringas ou com projetos musicais pelos continentes onde o Metal tenha uma boa projeção em termos de mercado. Os exemplos são muitos, como Kiko Loureiro no MEGADETH, Sérgio Crestana no Moonspell, Carlos Zema no IMMORTAL GUARDIAN, e por aí vai. E sem contar o respeito que o Metal brasileiro tem no exterior.

Tendo isso em vista, não é de se estranhar que uma banda tão boa como o irlandês APOKATHILOSIS tenha um brasileiro em sua formação, e ouvir um disco como "Where Angels Fear to Treat" é algo ótimo para fãs de Metal.

O que se ouve no disco: Black Metal de primeira qualidade, nos moldes do que era feito na Grécia na década de 90, ou seja, você pode sentir a influência de nomes como VARATHRON, ROTTING CHRIST, NIGHTFALL e outros. Ou seja, é algo mais climático, soturno e opressivo, embora não estejam ausentes momentos mais agressivos e com uma pegada de velocidade tradicional (em termos de Black Metal), mas sempre de muito bom gosto.

Gravado no Advaita Studio, em Dublin, a sonoridade de "Where Angels Fear to Tread" é suja e abusivamente agressiva, mas que não priva a banda de certa clareza, para que seu trabalho possa ser assimilado sem grandes traumas. Ou seja, existe o equilíbrio entre a sujeira necessária e a clareza essencial para que o disco seja compreendido.

Apokathilosis
A arte da Lost Cosmonaut Design ficou boa, mesmo trabalhado usando um contraste de tons de cinza e vermelho que não ajuda tanto na visualização, mas que está encaixando muito bem, que reforça a atmosfera dura e sinistra do CD.

O APOKATHILOSIS tem alguns pontos diferenciais, como o uso de um timbre rasgado mais intenso e soturno nos vocais, o uso sábio de sintetizadores reforçando a aura densa e sinistra do grupo, guitarras com riffs simples e rascantes, baixo e bateria fazendo uma base rítmica simples e funcional. Mas é justamente quando tudo isso é unido que se percebe os méritos da dupla.

Mas verdade seja dita: embora o trabalho deles tenda a amadurecer mais no futuro, "Where Angels Fear to Tread" já mostra sinais que uma excelente banda surgiu no cenário. Basta ouvir canções como a densa e agressiva "Awaken Thee" (que é um pouco mais reta e direta, apresentando uma seqüência excelente de riffs), a bruta e ríspida "Where Angels Fear to Tread" com suas guitarras ferozes mais uma vez, a opressiva "Ashes" (com um andamento mais refreado, o que reforça a aura sinistra do grupo e mostra a força de baixo e bateria), a força mais tradicional de "To Die a Thousand Deaths" (tradicional em termos de Black Metal, que fique claro), as mudanças rítmicas ricas de "The Untameable Human Spirit" (adornada com alguns teclados fúnebres bem legais em algumas partes), e a dinâmica "Synchronicity" (com belos momentos em que o contraste entre os riffs e base rítmica fica ótimo, mais a força dos vocais bem colocados e um clima que muda do agressivo para o introspectivo sem causar ressalvas) são provas de uma banda que tende a crescer e se desenvolver mais e mais. E podem, inclusive, se tornarem um pilar dessa vertente do Black Metal mundial.

Quem viver os verá grandes em um futuro próximo, mas por agora, "Where Angels Fear to Tread" é o testemunho que o APOKATHILOSIS tem muito a oferecer aos fãs de Metal extremo. E se querem conferir, basta irem ao perfil da banda no Bandcamp, pois o CD está inteiro lá, disponível para a audição.

Ponho fé!



Músicas:

1. Awaken Thee
2. Where Angels Fear to Tread
3. Ashes
4. To Die a Thousand Deaths
5. The Untameable Human Spirit
6. Synchronicity


Banda:

Felipe Roquini - Vocais, guitarras, baixo, bateria, sintetizadores
Marttjn Rvbjn - Guitarras


Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)