30 de jul. de 2016

ANCESTTRAL - Web of Lies (Álbum)


2016
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Músicas:

1. What Will You Do?
2. Massacre
3. Threat to Society
4. You Should be Dead
5. Fight
6. Nice Day to Die
7. Pathetic Little Liars
8. Subhuman
9. Web of Lies
10. Fire
11. What Will You Do? (alternate solo version)


Banda:

Alexandre Grunheidt - Vocais, guitarras
Leonardo Brito - Guitarras
Renato Canonico - Baixo
Denis Grunheidt - Bateria

Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)


Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


As brigas por causa de lados políticos, as lutas romanas travadas por torcedores de futebol, a apologia a regimes como ideais, mas que na verdade só oprimem e matam, líderes religiosos que exploram seus fiéis e enriquecem às custas do sacrifício dos mais simples de coração... São todos elementos que formam uma realidade sufocante, opressiva e amarga, na qual somos enredados, e quanto mais nos debatemos, mais ficamos presos, até a morte por asfixia ideológica...

A realidade é dura, uma teia de mentiras onde vivemos. E justamente esta rede distorcida que muitos chamam de vida é o tema central do novo disco do ANCESTTRAL, quarteto de São Paulo que, depois do EP "Bloodshed and Violence" (2012) e do Single "What Will You Do?" (2014), chega com seu segundo álbum, "Web of Lies", lançado pela Shinigami Records.

A música do quarteto segue o conceito do Classic Thrash Metal, ou seja, muitas das influências do grupo vem da escola americana do gênero, de bandas como METALLICA, MEGADETH e TESTAMENT. Mas não se enganem, pois existe um alinhavo complexo de muitas influências musicais diferentes sob a música deles, criando assim algo mais pessoal, cheio de identidade, moderno, em uma música que empolga pela energia e melodias bem cuidadas, refrões fortes e envolventes, técnica musical em muito bom nível... 

Resumindo: o ANCESTTRAL é um dos grandes nomes do Metal em nosso país, sem sombra de dúvidas!

A produção de "Web of Lies" é de Paulo Anhaia, ganhador de quatro prêmios Grammy Latino, e que tem experiência de quase 30 anos em produção sonora (e trabalhou com muitos artistas que nada tem com Metal). Isso fez com que a sonoridade do disco ficasse perfeita, limpa e pesada, mas ao mesmo tempo, ela apresenta um crescimento, uma dimensão completamente nova em termos de Metal. E ficou justa, aquilo que o quarteto precisava.

A arte é do guitarrista da banda, Leonardo Brito, e se percebe que há referência direta ao que o grupo já fez antes (a máscara) ao que faz agora (toda a teia), ou seja, mostra que o ANCESTTRAL continua o mesmo em sua identidade.

O que diferencia "Web of Lies" dos trabalhos anteriores da banda é sua maturidade. 

Cada arranjo, cada detalhe musical, tudo soa encaixado perfeitamente, sem nada que soe excessivo. O grupo amadureceu de tal forma que criou um disco irrepreensível, sem pontos fracos, sem nada que o desabone.

"What Will You Do?" - Uma introdução bem ríspida dá início à canção, com um trabalho ótimo de baixo e bateria. O ritmo não é acelerado, cheia de passagens de alto desempenho, peso e muita vibração. E que refrão de primeira!

"Massacre" - Resta o ritmo fica mais lento, com um trabalho abrasivo das guitarras, com riffs bem agressivos, e um refrão bem soturno, mas grudento. A música é entremeada por narrativas de jornais sobre o evento ocorrido em Carandiru, em 02/10/1992, onde um grande número de detentos foi executado.

"Threat to Society" - É incrível como o quarteto é capaz de criar arranjos que grudam no ouvinte, mesmo com tanto peso e agressividade. Backing vocals raçudos, baixo e bateria mostrando um trabalho técnico de primeira.

"You Should be Dead" - Um andamento também longe de ser veloz, focado no peso, mas com arranjos muito bons. E como os vocais estão de primeira. Se sua cabeça começar a balançar sozinha, não estranhe, é assim mesmo.

"Fight" - Uma introdução quase Heavyssíva, que logo cede espaço a uma canção com sonoridade bem moderna e pesada, mais uma exibição de gala dos vocais e do baixo. E no refrão, aparecem belíssimas melodias.

"Nice Day to Die" - A agressividade dá as caras logo no início, com a bateria mostrando uma técnica ótima nos bumbos. Mas logo a música ganha velocidade, e depois retoma momentos mais cadenciados e técnicos. E olhem que é uma canção de pouco mais de 2 minutos!

"Pathetic Little Liars" - Ainda mais cadenciada que as anteriores, nesta faixa ouve-se uma diversidade de riffs ótima, com vocais bem azedos e intensos.

"Subhuman" - Um leve toque de groove moderno é adicionado à música do quarteto nesta canção, o que dá um sabor diferenciado à canção, e permite que baixo e bateria mais uma vez se sobressaiam bastante.

"Web of Lies" - Toda a agressividade da música da banda aparece de vez aqui. Ela chega a escoar pelos falantes, usando de riffs intensos e de impacto. Mas reparem como os vocais estão ainda mais expressivos, sem perder a dicção perfeita. E o baixo mais uma vez se sobressai muito bem.

"Fire" - Riffs caóticos dão a partida nessa canção mais bruta, mas bem trabalhada. Óbvio que existem momentos modernos e fortes, mas é uma faixa onde a diversidade impera, junto com uma agressividade muito envolvente.

"What Will You Do? (alternate solo version)" - É a mesma faixa que começa o disco, apenas com uma sessão de solos de guitarra diferente. 

Lembro que em uma resenha antiga que li em uma revista sobre "The Famous Unknown", que colocava o quarteto como uma das forças motrizes do Metal nacional. E com "Web of Lies", o ANCESTTRAL se firma como tal.

Um dos melhores plays nacionais de 2016, sem mais.



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