13 de jun. de 2016

DARKEND - THE CANTICLE OF SHADOWS (Álbum)


2016
Importado

Nota: 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Músicas:

1. Clavicula Salomonis
2. Of the Defunct
3. A Precipice Towards Abyssal Caves (Inmost Chasm, I)
4. Il Velo Delle Ombre
5. A Passage Through Abysmal Caverns (Inmost Chasm, II)          
6. Sealed in Black Moon and Saturn
7. Congressus cum Dæmone
8. Inno Alla Stagione Dell'Inverno (Fearbringer cover)


Banda:

Animæ - Vocais
Ashes - Guitarras
Nothingness - Guitarras
Antarktica - Teclados
Specter - Baixo
Valentz - Bateria


Contatos:



Desde que o Metal se consolidou como gênero musical, ainda nos anos 70, a necessidade de ser criativo, de ser diferenciado, é a motivação maior de muitas bandas. E mesmo nos dias atuais, quando se questiona tanto o pensamento, as bandas de maior sucesso e impacto ainda são aquelas que buscam se diferenciar no meio do dilúvio mediano que vemos/ouvimos todos os dias.

E no meio de tanto marasmo, bandas como o sexteto italiano DARKEND fazem a diferença. Que o diga seu novo disco, "The Canticle of Shadows", uma mostra de como ser criativo e se sobressair.

A banda faz algo que podemos descrever como Symphonic Black Metal. A diferença é que a banda usa e abusa de elementos diferentes, como alguns traços mais brutais do Death Metal, excelentes melodias soturnas, mais elementos de música clássica, ótimas orquestrações, partes cantadas em latim e mesmo a presença de Canto Gregoriano em muitos momentos (um elemento costumeiro de sua música). Além disso, a música do grupo é muito bem trabalhada, cheia de mudanças de ritmo, e mais elementos soturnos que surgem e criam aquela atmosfera musical densa e fúnebre em muitos momentos.

É diferente, novo e fresco, algo que foge do ponto comum!

DarkEnd
Em termos de produção sonora, "The Canticle of Shadows" tem um equilíbrio bem feito entre a agressividade, impacto e peso necessários para a banda mostrar suas músicas do jeito como eles devem soar. Mas ao mesmo tempo, o nível de clareza é muito bom, sem que as músicas soem emboladas. E em termos gráficos, a arte é de primeira, soturna e introspectiva.

É preciso citar que o trabalho do sexteto não é tão simples de assimilar devido à qualidade técnica, mas os arranjos nos cativam logo na primeira audição, devido ao esmero com que foram criados. A diversidade é enorme, e se isso não fosse suficiente, ainda temos a participação de quatro convidados nos vocais: Niklas Kvarforth do SHINING em "A Passage Through Abysmal Caverns (Inmost Chasm, II)"; o famigerado Attila Csihar do MAYHEM da as caras em "Of the Defunct" e "Sealed in Black Moon and Saturn"; Labes C. Necrothytus do ABYSMAL GRIEF em "Il Velo Delle Ombre", e Sakis Tolis do ROTTING CHRIST surge em "Congressus cum Dæmone".

O disco como um todo é excelente, algo maravilhoso para os ouvidos de um fã de Metal.

"Clavicula Salomonis" - Uma canção violenta e rápida, repleta de elementos musicais diversificados, como passagens com Canto Gregoriano e ótimas orquestrações, com destaque absoluto para a bateria de Valentz (justamente onde toque de Death Metal surgem devido às suas conduções extremamente velozes, em especial nos bumbos).

"Of the Defunct" - Esta já é uma canção mais sombria e azeda, cheia de mudanças de ritmo, mas onde o grande destaque é o contraste entre as vozes de Attila and Animæ (ambos têm formas bem particulares de cantar), e isso em meio a uma tempestade furiosa de riffs insanos.

"A Precipice Towards Abyssal Caves (Inmost Chasm, I)" - A violência musical abre espaço para um lado mais sinistro e introspectivo, com conduções em tempos não tão velozes. E é aí que o trabalho do tecladista Antarktica se mostra perfeito (ele é um mestre em arranjos soturnos, e inclusive com a emulação de saxofones em muitos momentos).

"Il Velo Delle Ombre" - O momento mais tétrico e soturno do disco. Semelhante a um hino religioso profano, a voz rasgada de Animæ e o canto sinistro de Labes oprimem e seduzem o ouvinte, fora o trabalho de primeira de Specter no baixo. Ponto curioso: o insert de um discurso do personagem Salvatore, um frade Dolciniano demente e corcunda, logo em sua primeira aparição. Penitentiate, e curvem-se à um salmo de pura escuridão.

"A Passage Through Abysmal Caverns (Inmost Chasm, II)" - A alternância entre momentos mais velozes e outros mais climáticos é de primeira, com arranjos e riffs de primeira, com Ashes e Nothingness criando melodias envolventes, e sem falar mais uma vez como o contraste entre a voz rasgada e agressiva de Animæ com os vocais mais limps de Niklas é algo de enorme qualidade.

"Sealed in Black Moon and Saturn" - Aqui, as estruturas dos arranjos são um pouco mais simples, se focando apenas nas variações rítmicas e peso dado pelas guitarras, fora o trabalho excelente dos teclados. E mais uma vez, Attila mostra o porquê de ser considerado um dos melhores vocalistas do gênero, embora Animæ também seja um cantor diferenciado, usando boa diversidade de timbres agressivos.

"Congressus cum Dæmone" - Outra faixa soturna e densa, com os andamentos (na maior parte do tempo) mais lentos, embora momentos mais velozes surjam vez por outra. Óbvio que baixo e bateria estão perfeitos, sem contar que a participação de Sakis deu uma enriquecida nos vocais.

"Inno Alla Stagione Dell'Inverno" - Uma versão para uma música do grupo conterrâneo FEARBRINGER, outro nome excelente da cena italiana. Óbvio que a canção ganhou uma versão mais agressiva, mas sem tirar o toque Pagan original. E como esse contraste de vocais limpos e agressivos é fascinante, bem como os trabalhos de guitarras, baixo, bateria e teclados souberam se adequar para o formato mais simples do original, mas se não destoa, adiciona alguns elementos novos.

O grupo está em um nível tão alto, tão diferenciado da maioria, que podemos dizer que eles estão escrevendo o novo testamento do Black Metal, e sem medo do que os mais puritanos vão achar.

Um dos melhores lançamentos de 2016, se não for o melhor!

Peccatimi meum coram me est semper!!!!!






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