26 de jan. de 2016

DREAM THEATER - The Astonishing (CD Duplo)


2016
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques

CD 1: The Gift of Music; The Answer; A Better Life; A Savior in the Square; Brother, Can you Hear Me?; Chosen; The X Aspect.

CD 2: Moment of Betrayal; Begin Again; The Path That Divides; Losing Faythe; Hymn of a Thousand Voices, Astonishing

Um dos grandes problemas de quando se é uma banda referência para muitos é que, quase sempre, os fãs e a crítica esperam que a banda se engesse em uma fórmula única. Tudo bem, alguns fãs não aceitam muito bem mudanças, mas é algo saudável, mesmo quando a banda aparenta derrapar feio. E parece que um mestre em desapontar os fãs, mas sempre buscando explorar os limites de sua própria música, é o quinteto norte americano DREAM THEATER. Sempre que um disco novo deles está para sair, é uma comoção enorme, ao mesmo tempo em que a ansiedade cresce. E parece que finalmente, em "The Astonishing", a banda veio para destroçar qualquer ilusão sobre o quanto são capazes de se renovarem.

O que há de surpreendente no disco, em primeiro lugar, é sua longa duração. São mais de duas horas de música, dividido em dois CDS. E fora isso, finalmente, o quinteto aprendeu a se expressar mais progressivamente sem forçar a paciência dos que não são instrumentistas ou fãs de canções gigantescas. Temos 34 faixas (com 5 instrumentais e uma introdução), e elas beiram, no máximo, seis minutos de duração, com apenas uma, "A New Beginning", tendo pouco mais de sete minutos. E, além disso, eles equacionaram bem a mistura técnica + peso + bom gosto + canções funcionais, e se deram muito bem. Mas não se preocupem: o disco passa em um piscar de olhos, de tão bom que ele é.

Dream Theater
John Petrucci, uma vez mais, tomou as rédeas da produção, tendo Richard Chycki na engenharia de som e mixagem, e com Ted Jensen na masterização. O som de "The Astonishing" ficou pesado, denso, mas com um toque refinado bem Progressivo, além de uma qualidade ótima, com todos os instrumentos soando claros e pesados na medida certa, além de timbres escolhidos com sabedoria. E a arte da capa é realmente uma referência aos temas do Rock Progressivo. E sim, "The Astonishing" é um álbum conceitual, uma estória criada por John Petrucci, que vale a pena ler e entender.

Não seria justo deixar de dizer que o DREAM THEATER realmente está inspirado nesse disco. Como dito antes, souberam equilibrar todos os elementos de sua personalidade sem pender para um lado ou outro. Óbvio que alguns fãs mais xiitas irão reclamar de alguma coisa, mas não é possível ouvir nada em "The Astonishing" que justifique o choro. E ainda temos a participação especial de David Campbell nas orquestrações e arranjos de corais, para deixar tudo ainda melhor. E basta uma olhadinha aqui para saber mais sobre a história e seus personagens.

No tocante às canções, não sei se vale a pena destacar essa ou aquela. Todas são ótimas, fruto de um laborioso e bem cuidado trabalho de composição. E aparentemente, o disco inteiro forma um conceito musical único. Não sei sobre as letras, mas sonoramente, é a idéia para as idéias Heavyssivas do quinteto

Descent of the NOMACS - É uma introdução para aquecer os ouvidos.

Dystopian Overture - Apesar de ser ums instrumental, é uma faixa ótima, com belos teclados.

The Gift of Music - A primeira música cantada já mostra bem os elementos musicais do grupo, com destaque óbvio para o trabalho de James LaBrie nos vocais, usando bem seus timbres mais graves

The Answer - Uma baladinha bem curta, que serve para James mostrar sua voz maravilhosa mais uma vez, sendo bem acompanhado das cordas de John Petrucci e dos teclados de Jordan Rudess.

A Better Life - Uma música mais introspectiva, mas mesmo assim forte e cheia de elementos mais progressivos, unidos à guitarra sempre ótima de John. E reparem bem como a base rítmica, mesmo nos momentos mais amenos, arrasa.

Lord Nafaryus - Uma música com uma pegada um pouco mais densa e pesada, com muito foco nas guitarras. Mas basta olhar e ver que o baixo de John Myung e os a bateria de Mike Mangini estão excelentes com técnica e peso nas medidas certas.

A Savior in the Square - Peso e cadência se fazem presentes, embora tenhamos uma canção muito bem elaborada e com grandes momentos dos teclados mais uma vez. É um dos grandes momentos do CD.

When Your Time Has Come - Novamente uma balada mais climática, com grande enfoque nos vocais e cordas limpas, mais belas orquestrações.

Act of Faythe - Cheia de ritmos mais quebrados começam a surgir após certa calmaria inicial, dando aquele toque jazzístico que estamos acostumados no trabalho da banda. E nem é preciso dizer o quão bom é o trabalho de baixo e bateria.

Three Days - Um começo bem introspectivo que beira o melancólico, antes de um ataque maciço de riffs distorcidos e pesados. E logo, a técnica progressiva do quinteto surge, impondo novos ritmos quebrados e tempos complexos.

The Hovering Sojourn - Uma mini-instrumental que serve como introdução a um dos grandes momentos do CD.

Brother, Can You Hear Me? - Vocês estão de sacanagem comigo, não é? Que canção é essa? Mesmo com um clima mais ameno, temos aqueles toques Pop elegantes que a banda usa quando quer tocar nossos corações. Novamente, belas orquestrações marciais, teclados de muito bom gosto, além de um trabalho lindo dos vocais. James arrasa, especialmente no refrão.

A Life Left Behind - Vocês estão de sacanagem comigo, não é? Que canção é essa? (parte dois). Com um começo mais introspectivo, depois surge aquelas levadas mais progressivas pesadas (com forte influência de YES) e alguns toques de Pop. Mas basta os vocais começarem, e pronto: somos envolvidos.

Ravenskill - Mais pesada, intensa, com boa técnica dos músicos (em especial de Jordan), oscilando entre momentos mais pesados e outros mais introspectivos. Mas como a bateria está bem, impondo um peso ótimo e conduzindo bem os ritmos.

Chosen - Até o meio, o espetáculo é todo dos vocais, mas dali em diante, as guitarras comandam o show, especialmente com o ótimo solo. É uma canção que começa mais lenta e melancólica, mas ganha peso e intensidade melódica depois.

A Tempting Offer - Aqui, como o título deixa claro, é uma canção mais soturna, pesada. Óbvio que a força dos teclados impõe o clima mais intenso, mas ao mesmo tempo, o baixo está dando uma boa aula de técnica e peso.

Digital Discord - Introdução à base de teclados.

The X Aspect - Outra que começa mais macia e depois ganha peso e mesmo certo ar mais high-tech. Mais uma vez, a dobradinha teclados e vocais imperam e guiam a música. E reparem que o trecho em gaitas de fole remete diretamente à "Brother, Can You Hear Me?".

A New Beginning - Para quem estava sentindo até aqui a falta de uma música grandiosa, cheia de técnica e com aquele ecleticismo costumeiro do grupo, pode ficar sossegado. Ela está aqui, permeada pelo mesmo feeling "heavyssivo" de uma "Metropolis", alternando entre peso, técnica e elegância, entre momentos pesados e outros mais lentos.

The Road to Revolution - Aqui, mais uma vez a fórmula de começar mais lento e ir ganhando peso e diversidade conforme a música evolui. E não, não é algo enjoativo em momento algum. Caros, quem está fazendo é mestre nisso.

Isso encerra o CD 1, mas tem mais, meus caros...

2285 Entr'acte - Introdução instrumental.

Moment of Betrayal - Mezzo pesada, mezzo progressiva, embora a técnica da banda esteja bem mais contida. Mas isso não quer dizer que não existam mudanças jazzísticas ótimas. Novamente, a cozinha rítmica do grupo deu uma bela caprichada. E novamente um belo refrão.

Heaven's Cove - Guitarras leves introduzem a canção, até que uma nova explosão de momentos pesados e progressivos dá um toque bem elegante e técnico, com boa participação dos teclados e baixo.

Begin Again - Uma canção que até contém uma boa dose de peso, mas é mais uma balada ótima, com belíssimos vocais e teclados.

The Path That Divides - Ainda me é uma incógnita como esses caras conseguem aliar os momentos etéreos e grandiosos do Progressivo com o peso do Metal, e sem perder a elegância... Os teclados mostram um trabalho bem dinâmico, mas chega a ser exagerado como o baixo está técnico e pesado.

Machine Chatter - Intro instrumental.

The Walking Shadow - Curta, mas recheada de peso e andamentos técnicos. Ou seja, ponto para baixo e bateria mais uma vez.

My Last Farewell - Mais peso e técnica refinados aliados de forma perfeita. Os elementos mais jazzísticos do grupo voltam a cena, justamente, pela técnica evidente. Mas os vocais estão excelentes, muito bem encaixados.

Losing Faythe - Outra música bem introspectiva, com jeitão de balada, mas com peso e elegância bem postados, além de alguns crescendos ótimos. E mesmo aparecendo menos, as guitarras estão ótimas.

Whispers on the Wind - Uma faixa focada em vocais e teclados, algo bem mais melancólico e soturno.

Hymn of a Thousand Voices - Apesar de novamente ter um enfoque mais nos vocais e orquestrações, temos uma canção linda e grandiosa, com belos corais. O clima é elegante, e os andamentos mais comportados.

Our New World - Mais peso e elegância eclética nos dão aquela impressão que é uma faixa excelente. E é mesmo, recheada de belos riffs, boa técnica, e jeitão de "Popssívo" pesado.

Power Down - Intro Instrumental.

Astonishing - Novamente, no início, alguns violinos orquestrais nos dão aquele toque de "Brother, Can You Hear Me?", mas não se assustem, pois é realmente o que acontece. A referência é clara, e no fundo, reforça o lado conceitual do disco, mas sem perder sua beleza única. E assim, encerra-se um dos grandes discos do ano.

Ufa, deu trabalho, mas está pronta...

Não sei se realmente "The Astonishing" poderá um dia ser comparado à obras como "The Wall" do PINK FLOYD ou "Tommy" do THE WHO. Isso, só o tempo dirá, e não quero ser arrogante. Mas me dou o direito de dizer apenas isso: "The Astonishing", se compreendido em sua essência, caminha a passos largos para ser conhecido como uma excelente Óprea Rock de nossos tempos.

No mais, é um dos melhores CDs de 2016, com toda certeza.

E palmas para a banda, pois eles merecem. E um agradecimento especial a Thiago Rahal Mauro, que possibilitou esta resenha (e que deve estar querendo me matar por obrigá-lo a ler isso tudo)...




Músicas:

Disc 1 - Act I:

1. Descent of the NOMACS 
2. Dystopian Overture 
3. The Gift of Music 
4. The Answer 
5. A Better Life 
6. Lord Nafaryus 
7. A Savior in the Square 
8. When Your Time Has Come 
9. Act of Faythe  
10. Three Days 
11. The Hovering Sojourn 
12. Brother, Can You Hear Me?
13. A Life Left Behind  
14. Ravenskill  
15. Chosen 
16. A Tempting Offer 
17. Digital Discord 
18. The X Aspect
19. A New Beginning 
20. The Road to Revolution 

Disc 2 - Act II:

1. 2285 Entr'acte 
2. Moment of Betrayal 
3. Heaven's Cove 
4. Begin Again 
5. The Path That Divides 
6. Machine Chatter 
7. The Walking Shadow 
8. My Last Farewell 
9. Losing Faythe 
10. Whispers on the Wind 
11. Hymn of a Thousand Voices 
12. Our New World 
13. Power Down 
14. Astonishing 


Banda:

James LaBrie - Vocais
John Petrucci - Guitarras, backing vocals
Jordan Rudess - Teclados 
John Myung - Baixo
Mike Mangini - Bateria


Contatos:

Facebook (oficial)
Facebook (Brasil)
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.
Liberaremos assim que for analisado.

OM SHANTI!

Comentário(s):