9 de jun. de 2015

Nightwish – Endless Forms Most Beautiful (CD)


2015 – Dynamo Records – Nacional 

Nota 9,5/10,0

Músicas:

01. Shudder Before the Beautiful
02. Weak Fantasy 
03. Élan
04. Yours is an Empty Hope
05. Our Decades in the Sun
06. My Walden
07. Endless Forms Most Beautiful
08. Edema Ruh
09. Alpenglow
10. The Eyes of Sharbat Gula
11. The Greatest Show on Earth


Banda:

Floor Jansen – Vocais 
Emppu Vuorinen – Guitarras 
Troy Donockley - Gaita irlandesa, flautas, bodhrán, bouzouki, vocais
Marco Hietala – Baixo, vocais, violão 
Tuomas Holopainen – Teclados, piano

Participações especiais:

Kai Hahto – Bateria 
Metro Voices – Corais 
Pip Williams – Arranjos orquestrais
Richard Dawkins – Narração em “Shudder Before the Beautiful” e “The Greatest Show on Earth”


Contatos:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Bem, mudanças de formação sempre causam certo frisson e alguma revolta nos fãs de uma banda, ainda mais quando se trata de um gigante já bem estabelecido e de trabalhos relevantes dentro do cenário musical. E isso é pior se falarmos de vocalistas cujos estilos de cantar se confundiram com a história dos grupos onde eles estiveram. Casos como os revoltantes mimimis (uma onomatopeia para ilustrar as reclamações dos fãs, baseada no célebre personagem Chaves, do saudoso Roberto Boleños) com Blaze Bayley no lugar de Bruce Dickinson no IRON MAIDEN, e de Tim “Ripper” Owens no de Rob Halford no JUDAS PRIEST mostram como os fãs podem ser chatos. Mas acreditamos que nenhum foi pior que o ocorrido com o NIGHTWISH após a saída de Tarja Turunen. Os fãs chegaram a hostilizar Anette Olzon em várias oportunidades. Anette saiu, e a banda foi buscar a holandesa Floor Jansen (do REVAMP e STAR ONE, ex-AFTER FOREVER) para o lugar, e a maioria dos fãs se aquietou. Mas não todos.

E ainda sob os olhares de desconfiança de muitos, descrença de outros e mimimis de alguns, a banda retorna com um álbum, “Endless Forms Most Beautiful”, que apresenta a nova vocalista ao mundo com músicas inéditas.

Antes de tudo, o estilo do grupo não mudou muito. A linha seguida é basicamente a que vemos desde “Century Child”, ou seja, algo onde virtuosismo instrumental (especialmente nos teclados) e peso se mesclam para gerar uma música muito bela e particular do grupo. Adicione a isso a tradição de elementos orquestrais com alguns toques de Folk e Música Clássica. A banda soube não ir muito além do que já fez e faz muito bem, preferiu algo um pouco mais conservador, embora em alguns pontos se perceba que estão entrando em um caminho novo. A voz de Floor encaixa perfeitamente no trabalho do sexteto, sendo suave e forte, e com o estilo lembrando um pouco o de Tarja em alguns momentos (mas sem ser lírico). As guitarras de Empu continuam dando um autêntico show em bases e solos bem feitos, enquanto o baixo de Marco continua sendo um ponto de equilíbrio entre o peso e a melodia da banda, com boa presença, mas sem ir muito além de uma marcação ótima. Troy deu um sabor especial às composições com seus diversos instrumentos Folk após sua efetivação. E Tuomas é o mesmo de sempre em termos de arranjos e orquestrações, fluindo dele toda a beleza e grandiosidade da música do NIGHTWISH. E na ausência de Jukka (que está tendo problemas de saúde devido à insônia), o baterista do WINTERSUN, Kato Hahto, está dando uma força, com peso e bom nível técnico.

Resultado: é o bom e velho NIGHTWISH, com uma formatação nova muito boa.

O patrão Tuomas tomou conta da produção, e tendo um autêntico time a seu lado no que abrange mixagem e masterização, conseguiu dar ao grupo uma sonoridade que é limpa e elegante, que nos permite ouvir e compreender que cada arranjo e orquestração em sua plenitude, sem, contudo, obliterar o peso de todos os instrumentos. Gina e Janne Pitkänen fizeram a capa, que realmente é muito boa, revisando algumas coisas que o grupo já usou antes.

Nightwish
Em termos de trabalho musical, falar na qualidade dos arranjos do grupo é algo que chega a ser leviano. O NIGHTWISH sempre foi uma banda onde riqueza musical é uma das tônicas, mas sem tornar a audição algo desagradável ou cansativo. Pelo contrário, sempre foi uma banda de um dinamismo enorme, com ótimos refrões, e que o ego dos músicos não atrapalha as composições. E a presença especial do biólogo evolucionista e etnologista Richard Dawkings (autor do Best Seller “Deus, um Delírio”) nas narrativas deu um toque muito interessante ao disco, já que a temática como um todo exalta a beleza da natureza de nosso planeta.

E este equilíbrio é o ponto que torna cada uma das onze faixas muito boas, mas destacam-se a força e presença de “Shudder Before the Beautiful” (bem variada em termos de andamentos, cheia de ótimo trabalho de guitarras e teclados, mais belos corais), a acessível “Élan” (primeiro Single do álbum, uma faixa bela e com belas flautas e o canto suave de Floor preenchendo todos os espaços), a pesada e azeda “Yours is an Empty Hope” (outra vez com riffs pesados de guitarra, mais uma presença marcante de baixo e bateria, fora o contracanto masculino dando um toque a mais de força à canção), a instigante e bem trabalhada “Endless Forms Most Beautiful” (mais riffs pesados, mas dessa vez, teclados e voz roubam a cena, especialmente no refrão. Realmente, Floor foi uma boa escolha para os vocais), a linda e perfeita “Edema Ruh”, e a gigantesca “The Greatest Show on Earth”, uma música de 23 minutos cheia de mudanças de andamento, crescendos orquestrais, corais, riffs, tudo que se possa imaginar de grandioso. Poderíamos dizer que ela serviria como um resumo do que o disco inteiro é, mas é bom que se saiba: ouvir músicas longas assim pode ser um martírio para alguns fãs. Mas se for daqueles que ligam o CD player sem se importar com o tempo, é um deleite.

Óbvio que “Endless Forms Most Beautiful” vai encontrar alguma resistência por conta das “tarjietes”, mas para os fãs de bom senso, é uma aquisição obrigatória. Ainda mais com as quatro apresentações que a banda fará este ano no Brasil, uma delas no Rock in Rio.

Ouçam, usem, abusem e vão aos shows, pois a banda está em uma fase muito boa.






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