10 de jun. de 2015

Chafun di Formio – Pague Dez e Vá Pro Céu (EP)


2015 – Independente – Nacional

Nota 8,5/10,0


Músicas:

01. Pague Dez
02. Sarjeta
03. Olhos de Borracha
04. Minha Toada


Banda:

Léo Araújo – Vocais 
Pablo Vieito – Guitarras 
Zé Denes – Baixo 
Thales Matheus – Bateria 


Contatos:



Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia



Uma das maiores tradições no underground brasileiro é o Hardcore/Crossover. Desde os primeiros anos da década de 80, o país se mostrou fértil no HC, criando uma cena forte e com nomes contundentes, e já na segunda metade da mesma década, quando bandas como DRI já mostravam um direcionamento musical híbrido entre o Hardcore raivoso com elementos do Thrash Metal (que é uma síntese do que seria o Crossover), o RDP já mostrava o mesmo gênero. E ambos os gêneros foram crescendo e se fortificando no nosso país, e atualmente, rende muitos ótimos frutos. E de Ituiutaba (MG), um pouco longe da efervescência de SP e RJ, vem o quarteto CHAFUN DI FORMIO, despejando toda sua ira politizada em forma de boa música com o EP “Pague Dez e Vá pro Céu”.

O mais interessante no trabalho musical do grupo é que a raiva latente do HC está com a presença mais evidente, deixando claro que o Crossover do grupo tem uma leve queda para este lado. Mas não se iludam: as influências do Thrash Metal estão claras. É pesado, azedo, empolgante e muito feroz, cuspindo um discurso politicamente incorreto e coerente para todos os lados, misturando vocais explosivos, riffs intensos e sólidos, base rítmica não muito complexa, mas dando peso e coerência sonora ao grupo.

A produção sonora é De bom nível, mas mantendo a crueza que a música do grupo necessita (estamos falando de uma banda com fortes raízes HC, lembrem-se). Por outro lado, a qualidade que nos é apresentada nos permite compreender o que a banda está tocando claramente, mas permanece certo “feeling” ao vivo no EP, pois a banda optou por aliar um espírito mais despojado e próximo de seus shows do que algo elaborado em demasia. Ou seja, o trabalho da banda aliada a Rodrigo Nepomuceno (que fez a mixagem e masterização do EP) está satisfatório. A arte de Arth Silva casa com a música e representa o espírito azedo das letras e música do quarteto.

Chafun di Formio
Quatro músicas deste primeiro lançamento do grupo mostram toda a potencialidade do quarteto (todas sendo bem curtas) o quanto podem render e contribuir ao cenário. Em “Pague Dez”, temos boas variações de andamento e ótimo trabalho dos vocais, fora um refrão que fica na mente nas primeiras audições e belos backing vocals. “Sarjeta”, com um andamento em tempo médio, tem todo aquele ranço Hardcore graças ao trabalho das guitarras (que mostra riffs ótimos), mas se prestarem bem a atenção, o baixo faz um trabalho técnico muito bom. Em “Olhos de Borracha”, temos alguns toques do Harcore metalizado de Nova York bem evidentes em alguns momentos, e a cozinha rítmica do grupo mais uma vez se destaca muito. E fechando, “Minha Toada” mostra um andamento mais cadenciado, bateria usando bem os dois bumbos em muitos momentos, e são justamente as guitarras que mostram o lado Crossover da banda, com outra interpretação de primeira linha. E percebam que as letras em português ajudam em muito a compreensão da mensagem ácida do quarteto. 

Sejam bem vindos, CHAFUN DI FORMIO, pois precisamos de bandas assim no cenário. E como o EP está disponível para download gratuito aqui, ouçam em alto volume, poguem à vontade, mas cuidado para não quererem sair pela rua arrebentando certos tipos de pessoas no braço.


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