7 de fev. de 2015

Maleficarum – Trans Mysterium (CD)

Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Fazer Black Metal realmente é algo um pouco insólito em alguns momentos. Desde a canonização do gênero pelo MAYHEM, já surgiram gamas de se tocar o gênero que chega a ser difícil catalogar. Mas há pontos positivos nisso: o estilo ganha diversidade, e a causa provável é que justamente as bandas andam tendo personalidade própria, o que reflete em seu trabalho. E independente de qualquer coisa, é bom ver no Brasil bandas como o ótimo quinteto MALEFICARUM, de Fortaleza (Ceará), que após alguns anos, chega com seu segundo CD, “Trans Mysterium”, que a Distro Rock Records disponibiliza para nosso deleite.

Antes de tudo, que se diga a verdade: o quinteto faz uma sonoridade mais clássica em termos de Black Metal, ou seja, segue a escola mais ríspida e crua, e assim, tem uma sonoridade orgânica. Mas como é uma tradição das bandas do Nordeste do Brasil, existe um tênue ranço do Death/Thrash Metal dos anos 80 (um pouco de SLAYER nos solos de guitarra, e a presença do cover para “Guerreiros de Satã” do VULCANO deixam esse ponto bem claro). Mas é bom que se diga que a fusão de vocais rasgados (em um timbre bem mais pessoal do que estamos acostumados a ver), excelente trabalho das guitarras nos riffs (os solos seguem bastante a escola de Kerry King, verdade seja dita), base rítmica sólida e com boas variações de andamento aqui e ali. Sim, a banda tem méritos instrumentais, e faz um trabalho criativo muito interessante.

Maleficarum
Em termos de sonoridade, o grupo usa de uma gravação bem crua e suja, mas buscando ao mesmo tempo ter clareza suficiente para que o ouvinte compreenda aquilo que o CD oferece. Mesmo porque a banda tem muito a dar aos ouvintes. E a apresentação é bem elegante, em um formato Digipack bonito.

A banda mostra, no lado musical, que possui talento e tem muito a oferecer, mas ainda precisam pôr para fora todo o potencial que possuem. Percebe-se que os arranjos da banda e mesmo sua dinâmica de andamentos é ótima, e ali está a alma de seu trabalho. Mais uma burilada pode ajudar bastante, embora já esteja em um nível muito bom. E em termos de letras, a banda usa um ecleticismo em termos de ocultismo mais saudável, evocando figuras de várias mitologias.

Tendem a evoluir mais, como músicas como “Anúbis (Guardião das Tumbas da Morte)” (um trabalho muito bom dos vocais), “Aqueronte” (baixo e bateria estão muito bem, dando belas mudanças de andamento. Há de se destacar também a presença do convidado Anderson Nunes no solo de guitarra), o trabalho de guitarras azedo e forte de “Ragnarök”, a explosiva e ríspida “Mictlantecuhtli (Senhor do Reino dos Mortos)”, e a versão para “Guerreiros de Satã” atestam.

Uma banda muito boa, honesta e que merece uma ouvida carinhosa de cada um de nós.


Músicas:

1. Ajagunã (Intro)  
2. Anúbis (Guardião das Tumbas da Morte) 
3. Aqueronte 
4. Cruzada 
5. Ragnarök 
6. Noite de Terror
7. Mictlantecuhtli (Senhor do Reino dos Mortos) 
8. Cântico Maligno de invocação das Sombras  
9. Guerreiros de Satã


Banda

Lord Maleficarum – Vocais 
Incredolus – Guitarras 
Count Temeluchus – Guitarras 
Nebulam – Baixo 
Lucifugi – Bateria 


Contatos:

Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.
Liberaremos assim que for analisado.

OM SHANTI!

Comentário(s):