3 de nov. de 2014

Resenha: Em Nome do Medo - A Brazilian Tribute to Moonspell (Tributo)

Heavy and Loud Press/The Burn Productions
Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Em geral, tributos à bandas relevantes ao Metal em qualquer de uma de suas vertentes costumam ou ser muito bons, ou muito ruins, sem espaço para meio termos. E nisso, é onde entra a mão de quem escolhe as bandas que irão participar, e se elas são capazes de criarem versões que sejam, ao mesmo tempo, fiéis às originais e que coloquem algo diferente, que possa honrar a banda homenageada. Mas no caso de "Em Nome do Medo - A Brazilian Tribute to Moonspell", um tributo com bandas brasileiras ao MOONSPELL, nome mais forte da cena metálica de Portugal, mostra-se um ótimo trabalho. E além disso, mostra como os irmãos lusitanos influenciaram uma vasta gama de estilos no Metal, ou seja, deixa bem evidente o lado eclético do sexteto de Lisboa.

Organizado pela Heavy and Loud Press e The Burn Productions, podemos dizer que a escolha de bandas foi muito boa, com cada uma delas dando o sangue para honrar o nome do homenageado. Há algumas que estão em um patamar acima, óbvio, pois é quase impossível conseguir que todos os participantes em um projeto deste tipo se saiam extremamente bem. Mas mesmo os que não são a nata da coisa nos desapontam, muito longe disso. E um fato interessante é que cada faixa está em ordem cronológica.

Em termos de qualidade sonora, as bandas fizeram o melhor possível, e não chegam a existir flutuações de sonoridade, ou seja, há um certo padrão imposto, mesmo que de forma subjetiva. Ou seja, por mais que a banda soe suja e crua, a qualidade de sua sonoridade está em bom nível. E a capa de Alcides Burn é um trabalho bem interessante, com uma idéia exposta de maneira fenomenal: a união entre o lobo lusitano e o brasileiro, estreitando a união Brasil-Portugal no Metal. Uma ótima ideia de Emanuel Leite Júnior (jornalista e idealizador do projeto).

Bem, falando de cada um dos discos e suas música: do EP "Under the Moonspell", temos o MALKUTH (Pernambuco) com "Tenebrarum Oratorium" (belíssima apresentação nos vocais e teclados, embora os outros instrumentos estejam muito bem) e o CAPRICORNIAN com "Opus Diabolicum" (um pouco mais seca e bruta, mas sem deixar de ter qualidade, inclusive preservando os teclados. Só que nem imagino de onde a banda saiu), ambas representando a fase mais extrema, suja e voltada ao Black Metal do MOONSPELL. Do clássico "Wolfheart", temos o PATRIA (do RS) com "Wolfshade" (que com essa roupagem um pouco mais seca e crua ficou genial. Nem é preciso dizer o quanto as guitarras e os vocais estão de alto nível), o SOTURNUS (Paraíba) com "Of Dream and Drama" (que buscou dar uma sonoridade mais Doom Metal, lenta e azeda à canção ficando bem terrorosa, especialmente pelos vocais se alternando entre timbres normais e guturais) e o MALEFACTOR com o hino "Alma Mater" (que com o trabalho deles ganhou uma conotação mais agressiva que a original, sem desmerecê-la. Que belas guitarras e vocais, inclusive um coral substituindo o trecho limpo cantado em português, e Vlad mostra seus vocais limpos muito bem trabalhados na estrofe final). Do também clássico "Irreligious" vieram o AS DRAMATIC HOMAGE (RJ) com "Full Moon Madness" (belíssima versão, tão rica como a original, com ótimas vocalizações e teclados, mas que se diga que toda a banda mostra grande forma), SILENT CRY (MG) com a clássica "Opium" (que ficou um pouquinho mais agressiva e seca que o original. Baixo e bateria em excelente forma, e os vocais estão fenomenais, inclusive nos momentos de duetos entre o vocal masculino e o feminino), e o fúnebre HELLLIGHT (SP) com "Ruin & Misery" (que ficou ainda mais lenta e deprê que antes, com aquela levada opressiva e tortuosa do Funeral Doom do grupo). Do polêmico "Sin (Pecado)", o RAVENLAND (de SP) vem com a belíssima "Magdalene" (em uma versão mais pesada e elegante, sem os efeitos eletrônicos, mas sem retirar a sofisticação do original. Belíssimo trabalho da banda como um todo). "The Butterfly Effect" e "Darkness and Hope" não tiveram uma canção inclusa que fosse (talvez pela má recepção de ambos para os fãs mais xiitas do MOONSPELL). De "The Antidote" (considerado a volta do grupo ao seu estilo consagrado, mas dando um passo adiante), temos o VELUIAH com "In and Above Man" (outra que ficou mais agressiva que o original, com trabalho forte de baixo e bateria, e belas incursões de teclados), ALEX VOORHEES (vocalista do IMAGO MORTIS, RJ) com "From Lowering Skies" (que segue a mesma tendência Gothic/Eletrônica da original, só que aqui teve um apelo um pouco mais industrial, e se alterna com momentos mais pesados e extremos), e o APOCALYPTCHAOS (de Goiás) com "Everything Invaded" (outra que ganhou peso e agressividade nas guitarras, mostrando-se uma ótima banda como um todo), e o magnífico HATE EMBRACE (Pernambuco) com "The Southern Deathstyle" (outra canção mais brutal, mas sem que a elegância original fosse desrespeitada). Do "Memorial", veio "Finisterra" com o INNER DEMONS RISE (outra banda de Pernanbuco, e que também pegou bem pesado ao recriar a música. E que guitarras!), e o KATAPHERO (RN) com "Once It Was Ours" (que conforme o release, parte da banda desconhecia o trabalho do MOONSPELL. E isso ajudou, já que a banda mostra alguns arranjos diferentes, mas ótimos, em relação à música original). Do "Night Eternal", veio a faixa-título, em uma versão explosiva e terrorosa feita pelo OBSKURE (do Ceará) (reparem na força das guitarras e vocais extremos bem encaixados). E de "Alpha Noir", vieram o RAISER (de Alagoas) que mostra uma versão fantástica e pesada para "Lickanthrope". E fechando, "Em Nome do Medo", com o BURN IN PAIN (banda formada por Alcides Burn do INNER DEMONS RISE e Danilo Coimbra do MALEFACTOR), que ficou bem ríspida, mas com toques de melodias bem acentuados.

Uma bela homenagem ao MOONSPELL, e que merece a ouvida com calma, pois está disponível na página oficial do projeto.


Tracklist:

01. Malkuth - Tenebrarum Oratorium
02. Capricornian - Opus Diabolicum
03. Patria - Wolfshade
04. Soturnus - Of Dream and Drama
05. Malefactor - Alma Mater
06. As Dramatic Homage - Full Moon Madness
07. Silent Cry - Opium
08. HellLight - Ruin & Misery
09. Ravenland - Magdalene
10. Veuliah - In and Above Men
11. Alex Voorhees - From Lowering Skies
12. Apocalyptchaos - Everything Invaded
13. Hate Embrance - The Southern Deathstyle
14. Inner Demons Rise - Finisterra
15. Kataphero - Once It Was Ours
16. Obskure - Night Eternal
17. Raiser - Lickanthrope
18. Burn In Pain - Em Nome do Medo


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