4 de jul. de 2014

Resenha: Anathema - Distant Satellites (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


O Pai Marcão aqui confessa que, há anos, não é fã do trabalho do ANATHEMA. Isso se deve ao fato de preferência pelo trabalho mais seminal e bruta da banda, da fase "The Crestfallen", "Serenades" e "Pentecost III", mas os anos se passam, as pessoas evoluem, sejamos justos e dando meu braço gordo a torcer: a banda realmente mostra um trabalho fantástico com "Distant Satellites", seu mais novo disco.

O Progressive Rock do grupo é de uma elegância e requinte enorme, sendo bem variado, mas ao mesmo tempo, há doses de peso aqui e ali, ao passo que a banda mostra uma desenvoltura em um enfoque coerente com seus últimos trabalhos. Não existe uma diferença tão gritante do que se ouve em "Falling Deeper" ou "We're Here Because We're Here" ("Falling Deeper" não conta, já que são remakes atualizados de faixas da fase Doom Death Metal), apenas parece mais inclinado ao Dream Rock experimental do que ao Pop-Folk que comumente já vemos em seus trabalhos, algo que se fazia mais presente antes. Não que seja algo ruim, longe disso, mas a banda deu uma diferenciada sutil em seu trabalho.

A produção e mixagem de Christer-André Cederberg (que ainda toca baixo no CD) deu uma limpeza muito grande ao trabalho do ANATHEMA, mas menos que antes. Sim, a banda apesar de cristalina, está com uma sonoridade não tão limpa quanto antes, o que dá o peso que mencionei acima (em alguns riffs, ele fica muito evidente), embora permeado por forte melancolia e vocais limpos intensos. Já a arte da capa dá apenas dá o clima necessário, como a banda já faz de longa data, usando uma imagem simples e mais abstrata.

Anathema
E não há como negar que o grupo mostra maturidade e domínio dentro do que se propõe a fazer, com muita elegância, explorando climas amenos e mais melancólicos sem pudor, mas com desenvoltura de quem sabe o que quer fazer e como fazer, com arranjos ótimos de teclados, pianos e guitarra, ao mesmo tempo em que os vocais masculinos e femininos, juntos ou separados, mostram um trabalho magnífico.

É um pouco difícil realmente destacar uma ou outra faixa, já que "Distant Satellites" mostra-se um disco deliciosamente bem feito. Mas podem começar por faixas como "The Lost Song - Part 1" (com bons arranjos de piano), "The Lost Song - Part 2" (que belíssimos vocais femininos sobre uma música mais amena, inclusive nos crescendos aqui e ali), a mais intensa e viajante "Dusk (Dark is Descending)" (finalmente os vocais masculinos da banda me convenceram, pois estão em ótima forma), a perfeita "Ariel" (os cantos masculinos e femininos estão ótimos, mais os arranjos de teclados e guitarras estarem no ápice), a linda "Anathema", e a um pouco mais eclética "Distant Satellites" (a presença da bateria eletrônica dá um toque de Industrial ao trabalho do grupo, mas sem descaracterizar o clima etéreo da canção). Mas particularmente, o experimentalismo avant-garde visto em "You're Not Alone" (as brincadeiras com elementos eletrônicos que deram uma escorregada perigosa na direção da música eletrônica mais comercial) e "Firelight" (quase três minutos só de órgão chega a ser meio chato em certos momentos, concordam?) poderiam ser descartados, com todo respeito aos fãs do grupo.

No mais, se "Distant Satellites" não pode ser considerado o melhor disco do ANATHEMA na fase mais Progressive Rock, mostra que a banda não perdeu o pique, e se encontra em boa forma e capaz de deixar os fãs extasiados.




Tracklist:

01. The Lost Song - Part 1
02. The Lost Song - Part 2
03. Dusk (Dark is Descending)
04. Ariel
05. The Lost Song - Part 3
06. Anathema
07. You're Not Alone
08. Firelight
09. Distant Satellites
10. Take Shelter


Banda:

Lee Douglas - Vocais
Vincent Cavanagh - Guitarras, Vocais, teclados, programação, baixo
Danny Cavanagh - Guitarras, Vocais, teclados, piano, baixo
John Douglas - Bateria eletrônica, teclados, percussão, programação
Daniel Cardoso - Bateria
Christer-André Cederberg - Baixo (músico de estúdio)


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