3 de jan. de 2014

2013: o grande ano do Metal nacional

Por Marcos Garcia

Bem, o ano de 2013 se encerrou, e teve um saldo positivo para o Metal brasileiro em muitos aspectos.

O primeiro é ver que a qualidade das bandas de nosso país aumentou muito, considerando que algumas chegam a enviar seus trabalhos para o exterior para serem mixados e masterizados, quando elas mesmas não vão gravar fora daqui. Mas isso mostra que, ao mesmo tempo, o músico brasileiro se tornou cada vez mais profissional nas exigências de equipamentos, estúdios (o que acaba também levando técnicos e produtores a outro patamar), e deles com eles próprios. E o reflexo é: raramente um ano teve tantos discos bem feitos em termos sonoros quanto 2013, mesmo quando as bandas buscam fazer algo mais artesanal e sujo (como as bandas de Black Metal mais cru e de Metal Old School).

Este ano viu-se surgir ótimos nomes na cena, como ARANDU ARAKUAA, HEVILAN, FANTTASMA, HAGBARD, SCIBEX, DARKTOWER e outros que despontaram no cenário de uma forma digna e com trabalhos relevantes e inovadores, ao mesmo tempo em que medalhões como UNEARTHLY (que lançou CD e DVD ao vivo de sua turnê européia), NERVOCHAOS (com seu Boxset que documenta sua história e a tour do CD “To The Death”), HIBRIA, ALMAH, LACERATED AND CARBONIZED, QUEIRON, ÁGONA, FORKILL, UNMASKED BRAINS e outros lançaram discos fantásticos, marcantes e com boas produções, tanto em termos sonoros quanto em visual. 

Krisiun e Destruction (Rock in Rio) - Foto: Daniel Croce
Ainda se viu a vitória do Metal nacional no Rock in Rio, que em seus dois dias de Metal (Há quem diga que esse é um sonho antigo de Roberto Medina), vimos HIBRIA, ALMAH e KRISIUN ao lado de nomes estabelecidos como SEPULTURA, e muitas vezes roubando a cena de bandas conhecidas com shows arrasadores. As portas estão se abrindo, apesar de alguns “mimizentos” e “paneleiros” de plantão, que insistem em velhas ladainhas já superadas. O fato é: o Metal nacional está mostrando a cara e as garras com vontade. Além disso, o HIBRIA e o KRISIUN continuam sendo gigantes fora do Brasil (inclusive o novo CD do HIBRIA, “Silent Revenge”, ficou várias semanas no topo das paradas no Japão, superando muitas bandas idolatradas no Brasil), bem como o WOSLOM, apoiado no CD “Evolustruction”, fez sua segunda tour européia, o UGANGA deu um novo giro no Velho Continente, assim como o STATIK MAJIK fez também, promovendo o CD novo, “Wrath of Mind”. E cada vez mais os gringos andam abrindo os olhos para nosso Metal!

Almah e Hibria (Rock in Rio) - Foto: Daniel Croce

Ainda tivemos ótimos “comebacks”, como o PANZER, que retornou de vez à ativa e lançou seu novo CD, “Honor”, bem como o DARK AVENGER voltou ao front e mostrou que ainda tem muita lenha para queimar com “Tales of Avalon: The Lament”, e ainda mostraram disposição em festivais como Panzer Fest e o show da volta do DARK AVENGER. E eles não vão parar, não vão ceder até reconquistar o espaço que tinham antes de pararem, e conquistar o espaço que merecem por seus excelentes trabalhos.

Dark Avenger (show do retorno) - Foto: Desireé Galeotti
Mas isso é fruto cada vez mais da vontade de se fazer algo grande, algo diferente, e melhor. E nisso, o Metal brasileiro não perde para país algum. NENHUM, e este autor têm a clara impressão que o país, nesse aspecto, anda cada vez melhor, mesmo quando o prognóstico pós-MOA foi tão negativo, tanto aqui quanto fora do Brasil.

Ainda estamos longe, bem longe do ideal, pois raras são as bandas brasileiras que conseguem fazer extensas turnês dentro de nosso próprio país sem problemas, e não adianta culpar a economia do país, já que estilos musicais menores, como axé, funk, pagode e outros conseguem, mesmo sendo específicos não do país, mas de algumas localidades. O Metal é mais abrangente em todos os fatores, já que não conhece classe social, etnia, nem mesmo onde se mora, então, falta apenas transformar todo este público, esta maioria que somos, em infraestrutura sólidas e intelectuais maiores e mais duradouras, que possam respaldar e incentivar cada vez mais promoters de eventos a investirem pesado na realização de eventos de porte. Mas a cada melhoria efetiva, por menor que ela seja, chegamos mais perto de um ideal. E assim, o sonho de um Wacken não estará tão distante. Ele pode acontecer, falta apenas que eu, vocês, e todos os headbangers que se prezam, independente de idade, etnia, classe social e vertente com a qual mais se identifica, comprem este projeto para si.

Falta apenas o próprio Headbanger brasileiro comprar esta briga, ir aos shows, exigir para si e para as bandas melhores qualidade de som e localização. Falta largar a internet (e suas fofocas) de lado e ir ao moshpit, sentir o calor humano das bandas e de outros fãs, esquecer rótulos e designações. Falta apenas que todos abracem a causa como sua, porque no fundo, ela é de todos nós.


E não é preciso ir muito longe para ver que grandes monstros do exterior andam dando fortes sinais de cansaço, que a velha chama precisa ser passada para jovens mãos para ir adiante. E por que esta mão não pode ser brasileira?

Está mais do que na hora do complexo de vira-latas, que tornou célebre Nelson Rodrigues, acabe. Tem banda nacional dando de dez a zero em bandas de fora.

E lembrem-se: a briga é de todos nós, e podemos vencer essa luta unidos.

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