8 de nov. de 2013

Statik Majik - Wrath of Mind (CD)

Nota 10/10

Por Marcos Garcia


E eis que depois de três anos após o lançamento de "Stoned on Musik", eis que o trio carioca STATIK MAJIK retorna com seu novo disco, "Wrath of Mind", que acaba de sair pela Rock Brigade Records e com distribuição da Voice Music, é um passo adiante do que eles já haviam feito antes.

Primeiramente, que fique claro que a banda ganhou mais melodia e toques de peso sofisticados, e as músicas estão soando mais soltas e espontâneas. A entrada de Thiago D'Lopes nas guitarras em 2010, pouco após o lançamento do CD, deu aos riffs peso e sofisticação, fora uma energia mais  e solos da banda estão mais encorpados e ganchudos, com um certo toque de Hard'n'Heavy, Thiago Velásquez está melhor nos vocais, sabendo dar maior diversidade vocal ao grupo, ao mesmo tempo em que sua técnica nas quatro cordas deu uma evoluída sensível, e o veterano Luiz Carlos na bateria está com uma pesada mais pesada, conduzindo muito bem os andamentos da banda, mas evitando de cair em técnica exacerbada e assim, obliterar o trabalho esmerado do grupo. E o grupo soa coeso, com a música fluindo como um todo, com boa técnica, mas antes de tudo:  uma música de muita qualidade e bom gosto.

Produzido por Renato Tribuzy (que teve a mão de Arnoud e Bruno Taborda na engenharia. Além de produzir, Renato ainda contribui com backing vocals) e gravado no estúdio HR, com Flávio Pascarillo produzindo e fazendo a engenharia sonora da bateria, mais a mixagem e masterização no estúdio Fullsound por Alex Macedo, percebemos a vigorosidade sonora da banda, pulsando com vida e garra, sem abrir mão de uma ótima qualidade, ao ponto de todos os instrumentos soarem bem claros. A parte artística, feita por André Guimarães S. é ótima, sem fazer nada extravagante, faz uma arte eficaz e muito bonita.

Ao ouvir "Wrath of Mind", temos a clara impressão que o STATIK MAJIK amadureceu demais, que está no ponto e merece demais nossa atenção e ouvidos, pois suas composições são extremamente equilibradas e o talento aparece em cada uma delas sem problema algum. Além disso, é um trabalho bem mais melodioso e acessível que "Stoned on Musik", e anda mais cheio de vida. Além disso, o rótulo "Stoner" não faz justo a amplitude musical do grupo há anos. Eles não são tão facilmente rotuláveis.

Destaques absolutos: a ganchuda e com uma pegada Rock'n'Roll "God in the Mirror" (os riffs da Les Paul de D'Lopes são absurdamente pesados e melodiosos), a pesada e melodiosa "Between 4 Walls" (o trabalho de Carlos na bateria realmente deu peso e dinâmica bem fortes à música), a sinuosa "Slaves of Greed" (com boas variações e melodias em evidência), o hit absoluto "Drowning in Despair" (primeiro Single de divulgação do CD lançado há alguns meses atrás, e uma amostra do quanto Velásquez evoluiu cantando, pois tanto em momentos mais melodiosos quanto mais secos e está ótimo, sem contar que as quatro cordas dão um show particular, além da participação especial de Dayves Ramay no solo inicial), a quase country "Rememberance" (reparem bem nas cordas limpas da banda, uma contribuição e tanto do convidado Bebeto Daroz do POSSESSONICA, e na força da bateria mais uma vez, mesmo sem quebrar a atmosfera mais amena da canção), a pesada e com toques fortes de anos 70 "Nothing Left to Admire", e a pedrada "Utopia Sunrise". 

A banda ainda lançou um EP promocional para a excursão Sul-americana que fizeram este ano, chamado "Acid Reign", com quatro músicas de "Wrath of Mind" ("Drowning in Despair", "Paradox of Self-Existence", "Acid Reign" e "Between 4 Walls"), mas existe um extra que faz o EP valer a pena: a belíssima versão acústica de "Utopia Sunrise", com violões tocados por Alex Macedo, que ganhou um ar denso e bem melancólico, mas uma ótima canção, que embora mantenha a essência da original, é bem diferente dela. 

Um dos melhores CDs nacionais do ano com certeza, sem dúvida, e um passo adiante desses três teimosos do Metal carioca.



Tracklist:

01. God in the Mirror
02. Between 4 Walls
03. Slaves of Greed
04. Acid Reign
05. Drowning in Despair
06. Remembrance
07. Paradox of Self-Existance
08. Nothing Left to Admire
09. Utopia Sunrise


Banda:

Thiago Velásquez - Vocais, baixo
Thiago D'Lopes - Guitarras
Luiz Carlos - Bateria


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Death After Death - Infâmias (CD)

Independente
Nota 9,0/10

Por Marcos Garcia

Uma das coisas que mais incomodam é o radicalismo em prol de uma subdivisão apenas do Metal.

Pelo que nos é possível detectar, o desconhecimento leva muitos fãs a se restringirem, ficarem presos e estagnados, e o que pode levar muitas vezes ao fim da vida metálica do fã. Isso acontece bastante. Mas existem bandas que mostram a diversidade de alguns músicos, e o DEATH AFTER DEATH (conhecido por todos na cena carioca como D.A.D.), com seu segundo CD, "Infâmias", é uma mostra clara que mentes pensantes não tem limites.

Temos na banda a presença de Stressor Ixtremuh nos vocais, que é ninguém menos que André Delacroix (baterista do METALMORPHOSE e IMAGO MORTIS), e toca uma mistura insana de um Death Metal seco e hostil com o mais podre e distorcido Gringcore e Crustcore que puderem imaginar, usando e abusando de letras politicamente incorretas e muito humor negro extremado. E isso tudo de forma concisa e pesada, com ótimos vocais que oscilam entre vocais normais e urros guturais, riffs de guitarra simples e muito bem postados, base baixo-bateria pesada e bem compassada, sabendo ser rápida e cadenciada quando preciso. Resultado: ouça "Infâmias" bem alto quando seu vizinho pagodeiro ou cristão começar a encher o saco. É fim certo de churrasco de fim de semana ou culto de adoração!

Boa gravação, com a mão de Alex Voorhees na produção, sabendo ser suja na medida certa para deixar os ouvidos dando sinal de ocupado por horas, mas limpa suficiente para que se ouça cada instrumento claramente e se compreenda (com encarte na mão, óbvio) as letras da músicas (sim, eles cantam em português), logo, é um prato bem cheio para quem é fã do estilo, além daqueles que querem ouvir algo diferente de seu cotidiano. A arte é simples e seca, mas funcional e que realmente transpira o trabalho musical do quarteto.

Musicalmente, o D.A.D. é um murro direto, sem muita conversa, nos tímpanos, sempre de bom gosto, e um passo adiante de "Tômili!!!", primeiro CD deles.

O disco inteiro é muito bom e com uma distribuição de qualidade que passa por todas as faixas, mas temos alguns pontos altos em "Todo Mijado" (reparem na força dos riffs de guitarra e no andamento seguro da bateria), a veloz e direta "Ódio" (com boas mudanças e andamento e onde o baixo se mostra bastante), "Fedor" (Stressor dá uma boa mostra de seu gutural), a mais HC "Desordem e Regresso", a muito ríspida "Troco", a cadenciada e pesada "Daytona" (mostrando que o grupo tem boa diversidade musical), "Heron" (vemos uns inserts legais do filme "O Iluminado"), além da ótima versão para "Mys Sadistic Killing Spree", do imortal G. G. Allin.

Depois disso, podemos dizer que o quarteto se vira para moralistas, radicais e outros tipos semelhantes e dispara a pergunta: "Who's your D.A.D.?", na maior cara de pau possível de ser vista.

Pesticida certo para vizinhos idiotas.



Tracklist:

01. Todo Mijado
02. Ódio
03. Fedor
04. C.C.C.
05. Desordem e Regresso
06. Troco
07. Daytona
08. Kallinger
09. Lá vem o D.A.D.
10. Heron
11. MPB
12. Terror
13. Morte Lenta e Dolorosa nas Mãos de um Assassino Frio, Sádico e Cruel
14. Schmoopie 
15. Assassinato em Massa
16. My Sadistic Killing Spree (G.G. Allin cover)
17. Heron (Japanese Version)


Banda: 

Stressor - Vocais
Mafe Musick - Guitarras
Luiz Gore - Baixo
Erick Fryer - Bateria


Contatos: