23 de jun. de 2013

Malefactor - Anvil of Crom (CD)

Eternal Hatred Records - Nacional
Nota 10/10

Por Marcos Garcia


O Metal nacional, para aqueles que realmente o conhece bem e com profundidade, que está inserido na cena do Metal com militância e não se entrega a tendências midiáticas das redes sociais da internet, sabem o quanto ele dá frutos ótimos em meio às dificuldades de nosso país, e é um imenso prazer ver trabalhos sublimes surgindo, e 'Anvil of Crom', do experiente sexteto baiano MALEFACTOR, mostra o quanto essa força e versatilidade pulsam nas veias de nosso povo. E a Eternal Hatred Records bancou o desafio e colocou nas lojas.

Este sexteto sempre nos surpreende com sua música inclassificável, sempre mixando bem influência de Metal extremo com nuances de Tradicional e mesmo elementos de música clássica aqui e ali sem pudores e medo de ousar, e esse novo, dão mais um passo adiante, mostrando que ainda possuem muito a dizer. Vocais que se alternam entre o normal, o gutural e o rasgado sem medo, riffs absurdamente bem feitos e solos melodiosos (além de belíssimas partes limpas), teclados climáticos e intensos, baixo e bateria formando uma unidade técnica e pesada. Resultado: uma música de muito bom gosto, bem diversificada e pesada.

Gravado no Revolusom Studios, em Salvador (BA), e produzido por Marcos Franco e Vitor Marcos, que também mixaram e masterizaram o trabalho, a sonoridade do disco soa limpa e elegante, mantendo aquela rispidez necessária à música da banda, mas sem deixar que cada mínima nuance do trabalho fique oculta. Já a arte, toda em um belíssimo Digipack de três páginas, é linda, em um trabalho criado pela própria banda e cuja tarefa de trazer para o mundo visível ficou a cargo de Marcelo Almeida. A ambientação para a música da banda está de alto nível.

Musicalmente, as dez faixa de 'Anvil of Crom' são essenciais, mostrando um trabalho musical maduro e desenvolto, com pontos altos em 'Elizabathory', uma faixa longa e bem trabalhada, com belíssimas guitarras em riffs dobrados e grandiosos vocais, e corais lindos; a mais ríspida '666 Steps to Golgotha', com muitos momentos mais soturnos e outros limpos, andamento bem variado, onde teclados e base baixo/bateria se destacam bastante, fora a diversidade vocal e participação especial de Eregion (UNEARTHLY); a grandiosa, belíssima e épica 'Anvil of Crom', introduzida por belo dedilhado do baixo e guitarras limpas, com a voz natural forte de Lord Vlad mostrando sua força, até que a música ganha peso e um andamento instigante, com excelentes corais, e isso sem mencionar os momentos mais agressivos e belíssimos solos de guitarra; a destruidora de toda forma de pensamento limitante em termos de música 'Blood of Sekhmet'; 'Trevas', que apesar do título, é cantada em inglês com várias passagens em latim, mas uma canção forte e com boas variações de andamento; 'A Guerra Virá', essa sim cantada em português, e com um dinamismo absurdo em seu andamento ganchudo, e mais uma participação especial: Hécate do MIASTHENIA nos vocais;  e 'Into The Catacombs (Goat of Mendes)', outra faixa bem épica e pesada, com backings fortes e bases de guitarras abusivamente pesadas e variadas.

Mais um daqueles discos que teimam em não sair do CD player, e que é mais uma jóia rara que esse sexteto brilhante cria. Aliás, que fique claro: 22 anos de estrada realmente fazem a diferença.

Top 10 com certeza!



Tracklist:

01. Into the Black Order
02. Elizabathory
03. 666 Steps to Golgotha
04. Anvil of Crom
05. Black Road of Burning of Souls
06. Blood of Sekhmet
07. Trevas
08. A Guerra Virá
09. The Mirror
10. Into The Catacombs (Goat of Mendes)


Formação:

Lord Vlad - Vocais
Danilo Coimbra - Guitarras
Jafet Amoedo - Guitarras
Chris Macchi - Teclados
Roberto Souza - Baixo
Alexandre Deminco - Bateria
Eregion - Participação em '666 Steps to Golgotha' (convidado)
Hécate - Participação em 'A Guerra Virá' (convidado)



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Gama Bomb - The Terror Tapes (CD)

Shinigami Records - Nacional
Nota 9/10

Por Marcos Garcia

Saiam da frente, pois lá vem uma saraivada Thrash/Speed Metal à lá Old School com energia e garra chegando!

Vindos da Irlanda do Norte (UK), o GAMA BOMB é um quinteto que tem causado um burburinho no underground há algum tempo, e graças à Shinigami Records, agora podemos comprovar seu poder de fogo em 'The Terror Tapes', seu mais recente trabalho que acaba de ganhar versão nacional.

O grupo segue a linha de bandas que estão longe dos gigantes do estilo, ou seja, METALLICA, SLAYER, MEGADETH, e do trio alemão, em alguma coisa lembrando os trabalhos de TANKARD, DEATHROW, FLOTSAM & JETSAM, e uns toques do ANTHRAX antigo e DRI aqui e ali, com vocais mais focados em boas doses de melodia e menos em urros, guitarras muito fortes em riffs e solos melodiosos, baixo e bateria bem entrosados e formando uma cozinha de peso. O forte do grupo é sua coesão musical, sem exageros técnicos. Aqui, importa a música em si, e não a habilidade individual. Embora distante de ser algo inovador, o grupo se sai bem com uma música energética e vibrante.

Tendo a produção e mixagem de Scott Atkins (que já trabalhou com o CRADLE OF FILTH), a sonoridade do grupo soa extremamente forte e pesada, fugindo um pouco de gravações abafadas que caracterizam muitas bandas que são voltadas ao som dos anos 80, preferindo algo mais focado em peso e limpeza, o que deu um ganho muito bom à sonoridade do disco. Já a arte é bem legal, com capa feita pelo ilustrador Graham Humphreys ( conhecido por seus trabalhos em "A Hora do Pesadelo" e "A Morte do Demônio"), pois como disse Philly Byrne, eles cresceram com medo dos antigos VHS devido As ilustrações de Graham para os filmes. A arte interior mostra vários designs de tapes K7 e VHS, fora o de um vaso sanitário.

Em termos de composição, o grupo capricha, e mantém um bom nível por todas as faixas, que evitam passar dos 4 minutos de duração, ou seja, não causam bocejos. Há destaques na veloz e energética 'The Wrong Stuff', com fortes riffs e grandes backing vocals; a empolgante 'Legend of Speed', onde as vocalizações mostram um grande serviço, pois Philly parece estar sendo irônico em vários momentos; 'Backwards Bible', que começa mais contida e cadenciada, mas logo ganha velocidade e mostra ótimos solos; a curta e explosiva 'Smoke the Blow with Willem Dafoe'; a destruidora de pescoços 'Terrorscope', com suas mudanças de andamentos e ótimo trabalho de guitarras, inclusive com um "insert" de 'A Dança dos Sabres', clássico de Aram Katchaturian; a agressiva e bruta 'The Cannibals Are in the Streets - All Flesh Must Be Eaten', com belas conduções de bumbos duplos; 'Matrioshka Brain', outra pedrada com bumbos duplos aqui e ali; e a ganchuda e quase Crossover 'Matrioshka Brain'.

Um disco muito bom, que vale a aquisição e ouvida no mais alto volume possível, especialmente se seu vizinho é daqueles churrasqueiros de fim de semana que acabam com o sossego alheio pondo lixos sonoros em nossos ouvidos. 

É hora do acerto de contas!!


Tracklist:

01. The Wrong Stuff
02. Legend of Speed
03. Backwards Bible
04. Beverly Hills Robocop
05. Smoke the Blow with Willem Dafoe
06. We Started the Fire
07. Terrorscope
08. The Cannibals Are in the Streets - All Flesh Must Be Eaten
09. Shitting Yourself to Live
10. Matrioshka Brain
11. Metal Idiot
12. Wrecking Ball


Formação:

Philly Byrne - Vocals
John Roche - Guitarras
Domo Dixon - Guitarras, backing vocals
Joe McGuigan - Baixo, backing vocais
Paul Caffrey - Bateria


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Lacerated and Carbonized - The Core of Disruption (CD)

Eternal Hatred Records - Nacional
Nota 10/10

Por Marcos Garcia


Um dos maiores prazeres que um crítico possui é o de poder acompanhar ele mesmo o trabalho de uma banda ao longo de vários discos, observando como ela evolui com o passar dos anos, e para este autor, a audição de 'The Core of Disruption', segundo Full Length do grupo carioca LACERATED AND CARBONIZED, é um êxtase, já que o grupo, que já era muito bom em 'Homicical Rapture', mostra um trabalho ainda melhor. Não é à toa que a Eternal Hatred bancou o desafio de lançar a banda.

O grupo mostra aquele mesmo Death Metal brutal e técnico de antes, mas ainda mais variado e dinâmico. Os vocais de Jonathan Cruz estão mais soltos e mais bem encaixados nas canções, com melhor dicção e vários momentos mais rasgados; os riffs brutos de Caio Mendonça ganharam mais corpo, técnica e diversidade, adicionando recursos que não ouvíamos antes às guitarras do grupo; Paulo Doc mostra que seu baixo não fica mais só na marcação, pois antes já tinha uma boa técnica, agora está ainda mais audível e firme, com momentos brilhantes aqui e ali. Victor Mendoça, que já era um monstrinho antes, agora está fazendo algo bem mais diversificado, com uma técnica fantástica, e se torna um dos grandes bateristas do Metal nacional, sem sombra de dúvidas. Se fundir tudo isso, teremos realmente uma música bruta, agressiva, forte e que pulsa com vida, bem personalizada, com alguns toques de regionalismo brasileiro que não destoam as músicas em momento algum, mas abrilhantam ainda mais o disco.

Gravado no HR Studios, no Rio de Janeiro, tendo a produção de Caio Mendonça e do próprio grupo, mais Flávio Pascarillo e Julio Oliveira na engenharia sonora, e mixagem e masterização por Andy Classen (que já trabalhou com KRISIUN e BELPHEGOR) no Stage One Studios (em Lowygasse, Alemanha). Com este time, a sonoridade do grupo realmente flui naturalmente, translúcida e clara, sem deixar que o trabalho do quarteto fique embolado ou detalhes ocultos, mas sem obliterar a brutalidade e peso do grupo. A arte, por sua vez, é um deleite aos olhos, já que aborda toda a violência e abusos ocorridos no submundo do Rio de Janeiro, aquilo que as TVs, jornais e governo não querem mostrar: o caos cotidiano, crimes de todas as formas, e cidadãos feitos de reféns dentro de sua própria cidade.

'The Core of Disruption' é um passo adiante na carreira da banda, já que a música está bem mais forte e madura que em 'Homicidal Rapture', e agora, temos um CD com canções ainda mais bem equilibradas e bem diversificadas, logo, não é possível ficar com destaques aqui e ali. Os rapazes realmente estavam inspirados quando compuseram o CD!

O disco abre com 'L.A.C', com boa velocidade, ótimos riffs de guitarra e vocais mostrando um ótimo trabalho, com participação de Max Moares (do CONFRONTO). Já em 'Third World Slavery',  fora a brutalidade habitual da banda, alternando momentos cadenciados e outros velozes, com bateria fazendo um trabalho fantástico, e surgem algumas batidas tribais que abrilhantam a música, e reparem bem nos riffs. 'Awake the Thrist' é uma faixa mais seca e bruta, com belo solo de guitarra, mais a participação de Eregion (do UNEARTHLY) nos vocais. Os mesmos elementos podem ser vistos em 'O Ódio e o Caos', onde a agressividade fica bem evidente, privilegiando bastante a cozinha rítmica, fora  um pedaço do refrão cantado em português, participação especial de Felipe Chehuan (do CONFRONTO). Já 'Unnatural Agression' tem um andamento um pouco mais moderado, e assim, a música ganha uma agressividade opressiva. Em 'The Candelária Massacre', onde há a participação do vocalista Guilherme Seven (do PAINSIDE), temos uma intro calma e amena, antes de virar uma paulada seca, transparecendo o conteúdo intenso de sua letra. 'Blooddawn' segue a mesma agressividade, mas bem mais cadenciada e pesada, com ênfase no baixo em seus momentos brilhantes. A velocidade técnica de 'Call for Blood' relembra um pouco o primeiro CD, só que com uma roupagem mais atualizada, mais trabalhada e bem feita, e o mesmo vale para 'Final Enclosure', mais cadenciada. Corrupt Foundations' é um dedilhado calmo, que introduz a intensa e bruta 'System Torn Apart', outra que lembra o primeiro play, só que com algumas melodias interessantes aqui e ali, abrilhantando a música e fechando o disco.

Sinceramente, 'The Core of Disruption' estará no Top 10 de muitos no final de 2013, e coloca o quarteto como um dos pilares do Metal extremo nacional, sem sombra de dúvidas.



Tracklist:

01. L.A.C.
02. Third World Slavery
03. Awake the Thirst
04. O Ódio e o Caos
05. Unnatural Agression
06. The Candelária Massacre
07. BloodDawn  
08. Call for Blood
09. Final Enclosure
10. Corrupt Foundations
11. System Torn Apart


Formação:

Jonathan Cruz - Vocais
Caio Mendonça - Guitarras
Paulo Doc - Baixo e letras
Victor Mendonça - Bateria
Eregion - Backing vocais em 'Awake the Thirst' (convidado)
Felipe Chehuan - Backing vocais em 'O Ódio e o Caos' (convidado)
Gulherme Seven - Backing vocais em 'The Candelaria Massacre' (convidado)
Max Moraes - Guitarras em 'L.A.C.' (convidado)


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