12 de ago. de 2013

Dusty Old Fingers - The Man Who Died Everyday (CD)

Independente - Nacional
Nota 9,0/10

Por Marcos Garcia


Desde a década de 60, o formato conhecido como 'Ópera Rock' sempre teve imenso impacto no subconsciente de todos os fãs de Rock'n'Roll, já que traz à mente obras como 'Tommy' e ' Quadrophenia' (ambas do THE WHO), 'Jesus Christ Superstar' (de Andrew Lloyd Webber), e 'The Wall' (do PINK FLOYD), sempre mantendo uma estória (real ou não) contada nas letras, com toda uma estrutura musical diferenciada. E é incrível ver que no Brasil se faz obras neste formato, algumas chegando a ser sublimes, como o caso deste primeiro CD do DUSTY OLD FINGERS, quinteto paulista de Rock'n'Roll, que com 'The Man Who Died Everyday' mostra um trabalho ótimo.

Com este quinteto, temos um Rock'n'Roll anos 60 extremamente bem feito, de bom gosto, bem intimista, espontâneo e orgânico, mas que soa cheio de vida e sem soar datado, boa técnica e várias incursões no Blues, com vocais fortes e melodiosos, guitarras bem trabalhadas e com bons riffs, baixo com ótima presença e fugindo do feijão-com-arroz, bateria que sabe não só guiar os andamentos do grupo, mas que tem uma técnica ótima,  teclados bem postados (o som do velho Hammond ainda é inconfundível) e harmônica qui e ali acentuando o clima 'bluesy'. Um típico deleite aos ouvidos.

Com produção do vocalista/guitarrista Fabiano Negri e co-produção de Tony Monteiro, mais a masterização de Ricardo Palma (que foi o técnico de som do trabalho), vemos que a sonoridade do grupo foge totalmente de padrões que busquem imitar o que foi feito nos anos 60 e 70, sendo limpa e bem feita, permitindo que cada mínimo detalhe da banda fique exposto sem esforços ao ouvinte. A parte visual está muito boa, e a capa (um conceito de Joni Leite, Fabiano Negri e Tony Monteiro, que ganhou vida pelas mãos de Ben Ami Scopinho) reforça bastante o clima 60 da banda e faz referência clara às letras, pois já que o conceito trabalhado é da vida de Brian Jones (fundador do ROLLING STONES e primeiro guitarrista do grupo), lembremos que a a trajetória dele termina quando encontraram seu corpo sem vida na piscina de sua própria casa.

A música do grupo fala por si mesma, e claramente podemos ouvir uma banda talentosa e que tem muito a dizer a todos, sejam fãs jovens ou mais experientes. O nível do grupo é bem elevado, e sua música é bem diversificada, logo, não deixará quem quer que seja entediado, e as letras, como já dito, falam sobre vários momentos da vida de Brian Jones, sem omitir os piores momentos ou exaltar apenas seus méritos.

Destacar faixas entre as dez que compõe o trabalho fica bem difícil, mas nas primeiras audições, podemos ter a certeza de um bom trabalho na "bluesy" 'My Best Enemy' (onde vemos que Fabiano é um ótimo intérprete, e a harmônica dá aquele climão bem "Missyssipy" à canção), a forte e bem ganchuda 'The World at My Feet' (base baixo/bateria dando um show particular), a mais intimista 'Blondie Hair, Baby Face' 

(reparem bem nas intervenções ótimas das guitarras, com aquele famoso timbre "clean" de uma Fender), a intensa e mais pesada 'Everthing That I Want' (riffs fortes nas guitarras e boa presença da bateria, uma canção que mostra de onde nasce o Heavy Metal), a densa e mais cadenciada 'Dirty Hands', a bela 'Going to Hell' (com um ótimo trabalho dos vocais, especialmente com a participação de Sheila Le Du, e um solo de guitarra dos bons), e a longa e variada 'The Man Who Died Everyday', com belos arranjos de baixo e teclados. Mas na segunda ouvida, o vício se instala e vai ouvir o disco da primeira e última faixa sem cansar ou enjoar.

Um baita disco, sem sombra de dúvidas, e uma bela homenagem a Brian Jones.



Tracklist:

01. My Best Enemy
02. The World at My Feet
03. Blondie Hair, Baby Face
04. Librae Solid Denarii
05. Everthing That I Want
06. Lost Eyes
07. Dirty Hands
08. Going to Hell
09. A Shadow Of Myself
10. The Man Who Died Everyday


Formação:

Fabiano Negri - Vocais, guitarra
Tony Monteiro - Guitarra, violão
Marcelo Diniz - Teclados
Joni Leite - Baixo, harmônica
Rick Machado - Bateria, percussão
César Pinheiro - Bateria (gravou todas as músicas) (convidado)
Sheila Le Du - Vocais em 'Going to Hell' (convidada)
Paulo Gazzaneo - Piano em 'The Man Who Died Everyday' (convidado)



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